11 DE JULHO DE 2013
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Ainda assim, no ponto 2 da vossa resolução, quando referem, no fundo, a renegociação dos termos da
nossa dívida, dos termos do pagamento da nossa dívida, falam de questões, que podemos acompanhar, que
têm a ver com os prazos e com os juros do pagamento da dívida. Já não vos podemos acompanhar na
proposta de uma, mais uma vez, renegociação unilateral dos montantes da dívida pública.
Deixo-vos o seguinte desafio: o cumprimento honrado da dívida pública com renegociação dos termos do
seu pagamento é o caminho que nos parece mais consensual e mais razoável. O Bloco de Esquerda está ou
não disponível para retirar, da resolução, a referência à renegociação unilateral do montante da dívida pública
para que, ao menos, possamos acompanhar este ponto concreto da resolução?
Mas, volto a dizer, estamos de acordo quanto à falta de sentido da duplicação de austeridade que nos
levou apenas para o buraco, mas não estamos de acordo com um caminho de revogação unilateral da nossa
presença na Europa, que é aquilo que verdadeiramente a denúncia do Memorando e o haircut unilateral de
50% da dívida representaria.
Esse não é o caminho de Portugal, o caminho de Portugal é ainda e sempre na Europa. Com uma Europa
muito diferente, mas sempre na Europa.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada Cecília Honório, tem a palavra para responder.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Marques, muito obrigada pelas
questões que aqui colocou e também pelo seu convite à reflexão sobre a austeridade, que, como bem
sabemos, decorre da assinatura do Memorando com a troica.
Como também sabe, o Bloco de Esquerda há dois anos falou claríssimo sobre esta questão e não havia,
nem há, alternativa à renegociação e à reestruturação da dívida.
Hoje, os dados do abismo são evidências e não são matéria de opinião. Como aqui também relembrou e
bem, é a destruição do emprego, é a criação de, pelo menos, meio milhão de desempregados, é a destruição
da economia.
É por isso que, no entendimento do Bloco de Esquerda, o que é preciso é acabar com esta submissão
incondicional aos credores.
Entendemos que esta dança de pares dentro do Governo não significa senão a continuidade do fandango
triste da austeridade e da destruição da economia e dos direitos sociais.
Mas falemos claro sobre matérias tão importantes. A troica acabou por ser a cola deste Governo. Não
venha o Sr. Deputado tentar colar o Bloco de Esquerda a qualquer possibilidade ou a qualquer perspetiva de
saída do euro, porque bem sabe que não é essa a nossa posição.
O que é evidente e que também não é matéria de opinião, com os dados que temos hoje, é que a
continuidade das políticas da troica põe em causa, irreversivelmente, o futuro do euro. O risco do futuro do
euro é garantido por estas políticas de austeridade que foram definidas e desenhadas… Agora, discute-se se
foram melhor ou pior desenhadas. É uma questão de jeitinho para o desenho!… Enfim, este caminho da
destruição do euro e de uma economia à escala europeia, comprometida com o desenvolvimento e com os
direitos fundamentais desta mesma Europa, foi o caminho desenhado pela troica.
E, do nosso ponto de vista, a questão dos montantes é a questão essencial. É essencial exatamente
porque é a possibilidade de garantir que o caminho relativamente aos credores não é o caminho de
submissão; é essencial porque é a garantia da sustentabilidade da dívida.
Foi nesse sentido que apresentámos propostas muito claras e que deixamos à capacidade de cada
Deputado e de cada Deputada poder decidir com responsabilidade.
O que hoje discutimos é a sustentabilidade da dívida, é o nosso caminho e o nosso futuro. Não há qualquer
possibilidade de se fazer essa discussão na base de uma negociação unilateral, trata-se de uma negociação
solidária, responsável, a uma escala mais ampla, à escala dos povos, à escala do povo português, que já
demonstrou claramente que não aguenta mais nem o Memorando, nem estas políticas, nem este Governo.
Aplausos do BE.