11 DE JULHO DE 2013
13
Esta lição é importantíssima, porque demonstra que, nestas escolhas sobre o presente que condicionam o
futuro do País, não há dois lados: ou se está do lado daqueles que defendem as pessoas, e por isso dizem
não à política da troica e à austeridade, ou se está do lado da troica, e a troica tudo submete, tudo impõe, tudo
quer e tudo manda.
Por isso, pergunto-lhe qual é, afinal, o lado que escolhe, perante a situação atual do País.
Dizia-nos há pouco o Sr. Deputado Pedro Jesus Marques, sobre a posição do Partido Socialista acerca do
projeto de resolução do Bloco de Esquerda, que não defendiam uma renegociação unilateral da dívida.
Ora, não é essa a proposta do Bloco de Esquerda, isso não está dito no seu projeto de resolução. Mas é
dito claramente que nós temos metas, temos ideias, temos objetivos. E na reestruturação da dívida está o
objetivo de atingirmos uns montantes que sejam capazes de nos dar uma capacidade de respirar e de permitir
investimento público.
Estando, pois, clarificado este equívoco e não constando a palavra «unilateral» de nenhum dos parágrafos
ou frases do nosso projeto de resolução, pergunto-lhe se, afinal, concorda com aquilo que é dito, ou seja, que
temos de renegociar a dívida para termos capacidade de investimento público e crescimento para a nossa
economia.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Vieira da Silva, os tempos de grandes
dificuldades e de grandes sacrifícios como aqueles que vivemos exigem seriedade, rigor e respeito pelo
debate político. Exigem soluções e propostas, propostas concretas, estudadas, documentadas e
fundamentadas.
Os tempos que vivemos, Sr. Deputado, não se compadecem com meras proclamações de vontade, com
vacuidades, com generalidades, com desejos e muito menos com incoerências e incongruências.
Aplausos do PSD.
Sr. Deputado Vieira da Silva, o Sr. Deputado, que é um dos principais responsáveis pela embrulhada
monumental em que Portugal se encontra,…
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — … falou, criticou e denunciou, e voltou a falar, a criticar e a
denunciar. E soluções, propostas concretas? Zero! Zero, Sr. Deputado!
Falou de eleições antecipadas, falou do futuro. E propostas concretas? Zero!
Sr. Deputado, aproveitando, no entanto, o tema que hoje aqui nos traz e aquilo que o Partido Socialista nos
tem dito nos últimos tempos, podemos elencar dois «desejos» (se me permite a expressão). Diz-nos o PS que
se impõe a renegociação do Memorando de Entendimento, de modo a conseguir-se mais tempo para o
cumprimento das metas orçamentais.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — E mais emprego!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Diz-nos também o PS que o processo de consolidação orçamental
deve estar indexado ao crescimento económico verificado em cada ano.
Sr. Deputado, o que significa isto? Significa uma coisa muito simples: que o Partido Socialista admite, com
naturalidade e com normalidade, a existência de défices mais elevados e por mais tempo.
E se assim é, Sr. Deputado, era bom que, de uma vez por todas, o Partido Socialista dissesse a esta
Câmara e aos portugueses se, afinal, quer mais défice ou não quer mais défice.
É que, Sr. Deputado, num dia, o Partido Socialista não quer mais défice porque isso é mau, porque isso
significa não cumprirmos as metas do Memorando de Entendimento. Mas, noutro dia, o Partido Socialista diz