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I SÉRIE — NÚMERO 111

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É verdade que esta crise, que nós, PSD, não desejámos e não criámos, acentuou este flagelo. Mas o que

se verificou, incompreensivelmente, no passado, em Governos sob gestão socialista, mesmo aumentando a

procura interna, mesmo com muito significativo investimento público e brutal endividamento das famílias e do

Estado, foi que o desemprego não parou de aumentar.

Sr.as

e Srs. Deputados, neste debate verifiquei, com estranheza, que algumas forças políticas, não

acautelando o interesse nacional, continuam a apelar a uma denúncia do Memorando de Entendimento.

Como é fácil da via do populismo!

Estas forças políticas, que, sem qualquer estudo conhecido, nos indicam o caminho da saída do euro e a

denúncia do Memorando de Entendimento que o último Governo assinou com a troica, mais não fazem do que

exibir aos portugueses a sua falta de sentido de responsabilidade e de preparação para governar.

Esquecem-se essas forças políticas de que esta situação só chegou ao estado de gravidade que todos

podemos observar devido às deficiências do paradigma económico que seguimos nos últimos 15 anos e

devido à abordagem completamente errada da gestão da coisa pública.

Não é por acaso que a existência de reformas estruturais, capazes de libertar a economia do peso absurdo

do Estado e de promover o crescimento através do aumento da competitividade, é uma das principais linhas

de força do Memorando de Entendimento.

Desejando todos nós que o País implemente um ciclo dirigido ao estímulo da atividade económica, que

permitirá a criação de emprego, não nos podemos alhear de outro desígnio nacional, que é a reforma do

Estado. É evidente que se trata, em primeira mão, de uma responsabilidade do Governo. Mas encontram-se

também convocados e com responsabilidades as demais forças políticas com assento neste Parlamento, por

muito que isto lhes custe.

Sr.as

e Srs. Deputados, os senhores defendem incessantemente que o Governo tem de parar com a

austeridade, que tem de baixar impostos. Desejam, quase por decreto, crescimento, mais investimento. Mas

não lhes ocorre que, para fazer tudo isto, é necessário reduzir, de forma estrutural, a despesa pública. Dando

um exemplo para que os portugueses percebam bem o vosso pensamento, diria que é como se os senhores

tivessem uma varinha mágica nas vossas mãos e, sem reformas estruturais, sem rigor orçamental, sem

redução de despesa, continuassem a gastar alegremente o dinheiro de todos os contribuintes.

Sr.as

e Srs. Deputados, não podemos voltar atrás, não podemos voltar ao modelo dos últimos anos, em que

o crescimento de despesa galopante não tinha contrapartidas ao nível económico e social. Os portugueses

não compreenderiam o esforço que todos fizemos ao longo destes últimos dois anos. Neste momento

determinante da nossa história, devemos colocar a casa em ordem para voltarmos a poder condicionar os

nossos colegas parceiros europeus.

Muitos falam da inexistência de política governamental em relação à Europa. Pergunto: que posição

querem que tenhamos quando estamos a ser objeto de uma intervenção externa que cerceia a nossa

soberania?

Sr. as

e Srs. Deputados, o caminho que estamos a seguir é, sem dúvida, exigente. Temos de efetuar um

ajustamento de proporções históricas, num contexto extremamente difícil, mas é a única forma de voltarmos a

sentar-nos de pleno direito junto dos nossos pares e de poder influenciar as soluções europeias.

Aqueles que defendem a saída de tudo e o não cumprimento de nada não percebem o funcionamento do

País e do mundo. Não queiram levar o nosso País para esse caminho, não queiram levar os portugueses para

um horizonte sem futuro e sem esperança. O caminho que defendemos é duro e exigente, mas, no final,

estaremos mais fortes e capazes de competir numa Europa e num mundo cada vez mais competitivo.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, inscreveram-se as Sr.as

Deputadas Ana Drago, pelo

Bloco de Esquerda, e Heloísa Apolónia, por Os Verdes, e o Sr. Deputado Honório Novo, do PCP.

O Sr. Deputado Carlos Silva informou a Mesa de que responderá em conjunto.

Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.

A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Carlos Silva, há uma dificuldade manifesta neste

debate. É certo que temos um Governo a cair aos bocados, que perdeu a face, que perdeu o valor da palavra