I SÉRIE — NÚMERO 112
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O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … encontrou um Memorando de Entendimento, que lhe amarrou as mãos
e ao País, encontrou um País improdutivo, que não crescia e que o PS agora insiste em pintar de cor-de-rosa,
quando, ao fim de 15 anos de governação, o deixou, infelizmente, de vermelho vivo de sangue.
É isso que estamos a tentar resolver.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O que não estava previsto, Sr.
Deputado do CDS, era que o Governo mentisse com quantos dentes tem na boca,…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE). — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — … porque Passos Coelho fez uma campanha, dizendo: nem pensar que eu
vá aumentar os impostos, nem pensar que eu vá cortar nos subsídios, nem pensar que eu vá cortar nas
pensões.
Não estava previsto, mas, afinal, foi exatamente tudo isso que aconteceu.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — As propostas que hoje aparecem no sentido de responder aos problemas
sociais decorrentes desta crise e das políticas de austeridade deste Governo são bem-vindas. O Bloco de
Esquerda tem-nas apresentado também aqui e subscreve, hoje, as propostas que vêm a debate. Fazemo-lo
porque é nossa obrigação, é nossa responsabilidade acudir aos que mais sofrem.
Designadamente, é nossa obrigação acudir aos que ficaram sem emprego, porque foram corridos borda
fora das empresas, muitas vezes vítimas de falências fraudulentas, como bem se conhece; é nossa obrigação
acudir aos nossos concidadãos e concidadãs que ficam hoje sem casa por via de uma lei dos despejos que os
senhores aqui trouxeram; é nossa obrigação acudir a quem está doente e que, por força do Orçamento do
Estado, que corta sempre aos mesmos do costume, sofreu um corte no subsídio de doença e no subsídio de
desemprego; é nossa obrigação reconhecer que o milhão e meio de desempregados não é culpa deles, por
serem malandros, nem podem ser apelidados de «malandros», como os senhores querem fazer crer, porque o
desemprego provoca, de facto, problemas óbvios ao financiamento da segurança social — e os senhores
sabem isso.
Portanto, a vossa responsabilidade-primeira era a de promover políticas de combate ao desemprego,
matéria em relação à qual têm manifestado a mais profunda incapacidade.
Por conseguinte, o que hoje temos em discussão é a resposta óbvia que tem de ser dada às pessoas que
se encontram em situação de maior fragilidade. E não vale a pena virem dizer que não há dinheiro, porque
podemos repetir até à exaustão que há dinheiro para o Banif, para os swaps e para o BPN — e essa é que foi
a razão do grande buraco!
Portanto, não venham dizer que o grande buraco que existe no País é culpa dos desempregados, é culpa
dos doentes, é culpa dos pensionistas. Não! E os senhores sabem bem de quem é a culpa. Além de que os
senhores também decidem governar e proteger determinada classe, em contraponto e em contraciclo à
proteção dos mais frágeis.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma nova intervenção, no tempo curto de que dispõe, tem a
palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.