12 DE JULHO DE 2013
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O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, queria referir-me às intervenções do
PSD e do CDS-PP e dizer que considero extraordinário que estas duas bancadas lidem bem com o facto de
termos um 1 milhão e 500 mil trabalhadores desempregados e de apenas 420 000 receberem subsídio de
desemprego, ou subsídio social de desemprego. Lidam bem com a fome e a miséria que grassam no nosso
País e revelam uma total insensibilidade face a estas pessoas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — O argumento que utilizam é o de que não há dinheiro, o de que temos
restrições orçamentais. Ora, a pergunta que quero deixar aos Srs. Deputados é esta: então, temos restrições
orçamentais, não há dinheiro para alterar para melhor as regras de atribuição do subsídio de desemprego, do
subsídio social de desemprego, mas temos 12 000 milhões de euros para entregar «de mão beijada» à
banca? Não há dinheiro para melhorar a proteção no desemprego, mas temos 7000 milhões de euros para
entregar ao FMI em juros agiotas? Então, não há dinheiro para dar de comer a quem tem fome e a quem
precisa de direitos, como são os consagrados na proteção no desemprego, mas há milhões e milhões para os
swaps? Então, não há dinheiro para estas pessoas e há dinheiro para as PPP e para os benefícios fiscais?
Sr. Deputado Artur Rêgo e Sr.ª Deputada Teresa Santos, não há dinheiro para alterar para melhor as
regras de atribuição do subsídio de desemprego, mas para o Banif, em dezembro, foram 1100 milhões e,
agora mesmo, acabaram de perdoar 150 milhões de uma prestação?
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Então, não há dinheiro para estes?!… Esse é um discurso hipócrita. Há
efetivamente dinheiro e o dinheiro está a ser distribuído para estes!
Vozes do PCP: — Claro!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — A verdade é que, além de quererem manter o dinheiro a jorrar para este
poço sem fundo dos bancos e dos grandes grupos económicos, não alteram as regras de atribuição de
subsídio de desemprego, porque sabem muito bem que é condição para agravar a exploração dos
trabalhadores, sabem muito bem que um trabalhador sem subsídio de desemprego aceita qualquer condição
de trabalho, aceita qualquer salário e quaisquer condições.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Nessa medida, é essa a natureza ideológica das medidas que aqui estão
em cima da mesa: agravar a exploração de quem trabalha e atirar os salários para o chão!
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça o favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — É isso que querem implementar no nosso País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Srs. Deputados, não havendo mais inscrições para este debate,
vamos passar ao ponto seguinte da ordem de trabalhos, que consiste na apreciação conjunta dos projetos de
resolução n.os
768/XII (2.ª) — Recomenda ao Governo a realização de uma inspeção global ao Hospital de
Braga (BE) e 790/XII (2.ª) — Pela revogação da parceria público-privada do Hospital de Braga e a integração
deste Hospital na rede hospitalar do setor público administrativo (PCP).
Para apresentar o projeto do Bloco de Esquerda, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.