12 DE JULHO DE 2013
47
Vejamos alguns exemplos: não dispensa de medicamentos a doentes oncológicos e a doentes com
HIV/SIDA; ausência de algumas especialidades médicas 24 horas por dia, na urgência; adiamento de cirurgias
pré-programadas, em alguns casos já depois dos doentes internados; existência de um só anestesista para
diversas cirurgias a decorrer em simultâneo.
Problemas, aliás, que são reconhecidos numa resposta recente enviada pelo Sr. Ministro a este grupo
parlamentar e sinalizados no relatório de monitorização de 2012. Neste relatório são apontados vários
incumprimentos no contrato, dos quais destacamos: tempo médio de espera para a realização da primeira
consulta; taxas de alta com notas de alta hospitalar sem serem realizadas; taxas de execução de relatórios
operatórios sobre o total das intervenções cirúrgicas não efetuadas; 67 transferências indevidas para
atendimento ou internamento noutro estabelecimento hospitalar.
Ao que acresce a falta de transparência e a escassez de informação que é fornecida e reconhecida no
mesmo relatório de monitorização.
Apesar de reconhecidos, não são resolvidos. E não o são, Sr. Presidente e Sr. Deputados, porque é este o
caminho que o Governo quer prosseguir — desmantelar e destruir o SNS.
Vozes do PCP: — Exatamente!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Os profissionais têm também sido fortemente penalizados — a dispensa de
cerca de quatro dezenas de profissionais considerados incómodos pelo Grupo Mello, a redução drástica das
equipas e turnos, a substituição dos médicos anestesistas do quadro por médicos contratados às empresas de
trabalho temporário.
É por tudo isto que o PCP entende que não basta efetuar uma inspeção no Hospital, porque os problemas
crónicos com que se debate o Hospital só se resolvem com o fim da parceria público-privada.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Reis.
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Depois de o Bloco de Esquerda, com a
entrega de um projeto de resolução nesta Assembleia, ter vindo defender a realização de uma avaliação global
ao Hospital de Braga, o PCP, não querendo ficar atrás na sua compita direta com o vizinho do lado, veio
propor, na passada semana, que esta Assembleia recomende ao Governo a revogação da parceria público-
privada do Hospital de Braga e a integração deste Hospital no setor público administrativo.
Quanto ao projeto do PCP, gostaria de dizer o seguinte: é sabido que a PPP do Hospital de Braga está a
dar avultados prejuízos à entidade privada, pelo que revogar-se unilateralmente esta parceria público-privada
seria fazer um favor à entidade gestora da parceria. Ou seja, dá-se aqui o supremo caricato de que, com os
seus preconceitos ideológicos já habituais contra a iniciativa privada, o PCP estaria, neste caso, precisamente
a fazer um favor aos privados em questão, acabando-lhes com as suas obrigações contratuais e propiciando,
quiçá, uma choruda indemnização.
Brilhante ideia, Srs. Deputados do Partido Comunista Português!…
O Bloco reconhece, no seu projeto de resolução, que o Governo, através da ARS Norte, já solicitou à
Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) uma avaliação ao Hospital de Braga. Mas, ao contrário do
que VV. Ex.as
afirmam, esta avaliação não é pedida por eventuais falhas na prestação de informação à
entidade pública contratante, mas, sim, dando seguimento à denúncia do Sindicato Independente dos Médicos
(SIM) de que as condições de laboração dos profissionais desta unidade, nomeadamente dos
anestesiologistas, estariam a colocar em causa a segurança dos utentes.
Considerou, portanto, o Estado — e bem, dizemos nós — que a matéria e as questões suscitadas quanto à
regularidade, continuidade e qualidade assistencial das prestações aos utentes do Serviço Nacional de Saúde
servidos por este Hospital deveriam levar a uma auditoria a esta unidade e à inspeção da atividade e
prestações de saúde, desenvolvidas, em especial, no serviço de anestesiologia. Diga-se, aliás, que as
diligências de instrução desta auditoria por parte da IGAS já tiveram início a 25 de junho último. Ou seja, aquilo
que o Bloco vem propor já está precisamente a acontecer.