13 DE JULHO DE 2013
3
pessoas com menores rendimentos, quando reduzimos o preço dos medicamentos ou quando dinamizámos o
mercado social de arrendamento.
Porém, as dificuldades não desaparecem de um momento para o outro. A profundidade dos nossos
problemas exclui soluções mágicas, indolores ou instantâneas. Pelo contrário, temos de lhes responder com
medidas de longo prazo, estruturais e permanentes.
Há muito que insisto em que a dimensão dos nossos desafios — presentes e futuros — exige uma visão de
longo prazo e, portanto, um grande compromisso nacional, que vá além da atual Legislatura e que coloque o
futuro de Portugal em primeiro lugar.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Na sua declaração ao País, o Sr. Presidente da República referiu
explicitamente o facto incontornável de que precisamos de continuar a fazer uma abordagem sistemática e
persistente aos nossos problemas que se estenda além da conclusão do Programa de Assistência. O seu
apelo ao compromisso entre os três partidos que subscreveram o Memorando de Entendimento com as
instâncias europeias e com o FMI resulta desta constatação que partilhamos.
Também é lícito recolher das palavras do Sr. Presidente da República um outro alerta que eu próprio tenho
feito em várias ocasiões. Um alerta para o facto de que nem sempre se tem a perceção real dos riscos a que
estamos sujeitos.
A capacidade de cumprimento do Programa de Assistência demonstrada nos últimos dois anos, e que se
deve ao tremendo esforço de todos os portugueses, também criou a ilusão em muitas pessoas de que talvez
essa tarefa não fosse assim tão difícil, que, no fundo, o desfecho positivo das revisões da troica e a conclusão
do Programa eram coisas que podíamos dar como adquiridas.
Todo o progresso que alcançámos até agora resulta do esforço dos portugueses e da decisão de
cumprirmos com rigor os nossos compromissos externos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Foi esse progresso que foi permitindo devolver uma certa normalidade à nossa vida coletiva que por vezes
nos faz perder de vista que vivemos um período excecional e de emergência.
Sabemos que a estabilidade é um bem precioso, sobretudo em circunstâncias como as nossas. Aqui falo
de uma estabilidade ativa, dirigida para a resolução dos problemas do País, para o cumprimento dos nossos
compromissos externos e para operar a viragem do ciclo económico. Não falo de uma estabilidade vazia,
puramente circunstancial. Falo da estabilidade indispensável para ultrapassar a crise nacional que se arrasta
há já tantos anos e que é responsável por termos uma economia que não cresce, por termos um desemprego
estrutural que cresce, por termos défices e dívidas consecutivos desde o início da nossa vida democrática.
Falo da estabilidade necessária para iniciar um novo ciclo de prosperidade e imprescindível para construir
uma sociedade mais justa com oportunidades para todos. Falo da estabilidade indispensável para dar sentido
e trazer recompensas aos sacrifícios que os portugueses têm feito.
Essa estabilidade supõe a estabilidade política. A coligação que suporta o Governo goza de uma ampla
maioria parlamentar. Suporta um Governo democraticamente eleito e que está em plenitude de funções.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Um Governo que, no essencial dos seus objetivos internos e externos, tem cumprido, que responde
perante o Parlamento e que presta contas aos portugueses. Esse é o ponto de partida no nosso sistema
democrático constitucional.
Mas supõe também estabilidade financeira. A estabilidade financeira é fruto do percurso que já foi feito,
mas também das propostas que fazemos para o futuro. Depois da estabilização do sistema financeiro, do
desendividamento das famílias e das empresas, da gradual normalização do financiamento do Estado e da
economia, do equilíbrio das contas externas e da redução estrutural do défice público, temos de garantir a
estabilidade e a sustentabilidade financeira global do País.