I SÉRIE — NÚMERO 113
8
Protestos do PS.
O Sr. Deputado teve hoje uma grande oportunidade de mostrar aos portugueses que estava realmente
preocupado com o futuro do País.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Mas, Sr. Deputado, a dimensão da sua preocupação não passou da trica política.
Protestos do PS.
Portanto, digo ao Sr. Deputado que é importante que o País saiba em que termos é que os partidos podem,
de facto, criar um entendimento.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Esse entendimento não pode, evidentemente, alhear-se da crise que vivemos.
Mas a crise que vivemos, como referi da tribuna, é uma crise funda e antiga e não é a crise que foi aberta pelo
pedido de demissão do Sr. Ministro Paulo Portas.
Sr. Deputado, a crise que é importante é aquela que justifica que, ao fim de tantos anos, o País não seja
capaz, como outros países democráticos, de criar excedentes orçamentais, de criar equilíbrio das contas
públicas, de saber separar devidamente o que é público do que é privado, de ter uma noção do que pode ser a
sustentabilidade da sua dívida pública e de valorizar suficientemente o dinheiro dos contribuintes para
respeitar a restrição orçamental. Essa é que é a verdadeira crise em que o País vive!
O Sr. Deputado fala de debilidade. Ó Sr. Deputado, um País que se viu na obrigação de pedir um resgate
financeiro é um País que valoriza ou que desvaloriza os valores da estabilidade, mas também da boa
governação?
Se o País político tivesse observado os princípios da boa governação um bom resgaste, como aquele que
aconteceu, não teria sido necessário.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Deputado, tal como o senho, eu teria muita facilidade em fazer aqui uma intervenção a atacar o Partido
Socialista, mas não o vou fazer.
Sr. Deputado, aquilo que me interessa fazer nesta altura é saber se é possível ou não encontrar uma
matéria de facto, de substância, que possa mobilizar o nosso entendimento.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Ora, esse entendimento não pode ser proclamatório, não pode ser para inglês
ver.
O Sr. António Filipe (PCP): — É para alemão ver!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Tem de incidir em matéria concreta, e para isso nós estamos disponíveis.
O Sr. Presidente da República perguntou o que é que é preciso para encerrar com êxito o Programa de
Assistência Económica e Financeira. Não é difícil responder, Sr. Deputado. O que não será fácil é saber se
todos estamos verdadeiramente empenhados nisso e em que é que isso se traduz.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.