I SÉRIE — NÚMERO 113
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O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Muito bem!
O Sr. António José Seguro (PS): — Sem maioria parlamentar não há estabilidade política. Mas ela é
apenas uma condição necessária, não é uma condição suficiente.
A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — Muito bem!
O Sr. António José Seguro (PS): — Até há duas semanas atrás seria impossível imaginar tanta
degradação no Governo a que o senhor ainda preside. Até para os maiores opositores deste Governo tal seria
impensável. E confesso, Sr. Primeiro-Ministro, quando há cerca de dois meses disse que nem para cair este
Governo era competente, que estava longe de ter tanta razão quando proferi essa afirmação.
Aplausos do PS.
O que o País esperava era que hoje o Primeiro-Ministro subisse à tribuna e assumisse as suas
responsabilidades,…
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Muito bem!
O Sr. António José Seguro (PS): — … não fazendo mais do que seguir o exemplo do seu ex-Ministro das
Finanças, que se demitiu através de uma carta que quis tornar pública e em que disse, claramente, que tinha
falhado, que reconhecia o falhanço e que tirava daí todas as ilações, porque era necessário que existisse
credibilidade e confiança, coisa que ele já não via no Governo e, em particular, em quem ainda lidera o
Governo do País.
O ex-Ministro das Finanças diz, clara e textualmente, que a política de austeridade que foi aplicada em
Portugal conduziu a uma redução da procura interna com gravíssimas consequências do ponto de vista
económico e do ponto de vista social.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, no dia em que o Presidente da República se preparava para dar posse à sua
nova Ministra das Finanças fomos surpreendidos, uma hora antes, com o anúncio da demissão do seu
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, que disse, em síntese, através de um comunicado público,
que já não aguentava mais, que não aguentava tanta dissimulação e que a sua decisão era irreversível.
Para quem disse aqui, várias vezes, que não se poderia somar uma crise política à crise económica e à
crise social do País, como é que o Primeiro-Ministro consegue, pela primeira vez depois destas ocorrências,
vir a este Parlamento e não ter uma justificação perante os Deputados dos quais depende?
Aplausos do PS.
Um Ministro dos Negócios Estrangeiros que diz — e é líder do segundo partido da coligação — que a sua
decisão é irrevogável, é irreversível e que, passados dois dias, sem uma explicação ao País, aceita,
aparentemente, ser ministro de outra pasta.
Qual é a credibilidade que o seu Governo pode ter quando representa Portugal nas instituições europeias
ou em negociação com os nossos credores?
Aplausos do PS.
Vozes do PSD: — Oh!…
O Sr. António José Seguro (PS): — Qual é a confiança que os investidores, as empresas portuguesas,
podem ter no seu Governo? Qual é a confiança que os portugueses podem ter no seu Governo quando os
principais líderes do Governo se comportam desta maneira? E quando os seus dois principais ministros, o Dr.
Vítor Gaspar e o Dr. Paulo Portas, o tratam em público desta maneira e com esta clareza?
Sr. Primeiro-Ministro, hoje não tenho nenhuma pergunta para lhe fazer.