I SÉRIE — NÚMERO 114
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — … e a remodelação do seu Governo não foi aceite pelo Sr. Presidente da
República.
Ao que parece é o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros que vai encerrar este debate por parte do
Governo. O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, que conseguiu emitir um comunicado que fez a proeza de,
em 16 dias, se ter tornado já um clássico da política portuguesa, não por o Sr. Ministro dos Negócios
Estrangeiros ter revogado o que era irrevogável, mas porque não retirou o que disse.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Essa é que é essa!
O Sr. António Filipe (PCP): — É que aquilo que o Sr. Ministro disse, na sua carta, foi que o Sr. Primeiro-
Ministro, após a demissão do Sr. Ministro das Finanças, entendeu seguir o caminho da mera continuidade, que
foi agora reafirmada, com todas as letras, pela Sr.ª Ministra das Finanças,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — … o Sr. Primeiro-Ministro confirmou a sua escolha e, portanto, ficar no
Governo seria um ato de dissimulação.
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros continua no Governo, mas não retirou o que disse e, portanto, se
vai intervir no encerramento deste debate, de duas, uma, Sr. Ministro: ou vai fazer uma dissimulação e manter
a dissimulação, e este Governo não será mais do que isso, ou, então, vai retirar o que disse.
Ficamos à espera.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Está ainda inscrito, para uma intervenção, o Sr. Deputado Telmo Correia.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Srs.
Deputados: Em nome do Grupo Parlamentar do CDS e usando o tempo de que ainda dispomos, queria
apresentar algumas conclusões no encerramento deste debate.
A primeira conclusão que gostaríamos de tirar é a de que esta moção de censura e este debate têm
aspetos que são objetivamente contraditórios.
O Sr. António Filipe (PCP): — Mas não é o CDS que vai fazer o encerramento?!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — É interessante e é contraditório, de facto, que o mais pequeno dos
partidos da esquerda à esquerda do PS tenha a pretensão de, com esta moção de censura, liderar toda a
esquerda. É uma pretensão contraditória e interessante. É, de alguma forma, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia,
como ainda há pouco dizia o Sr. Primeiro-Ministro, curioso que o único partido nesta Câmara que nunca foi por
si próprio, em lado nenhum, a votos queira derrubar os dois partidos que venceram as eleições.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Exatamente!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — É interessante e é objetivamente curioso que assim seja.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. António Filipe (PCP): — Ah! Também venceram?! O CDS também ganhou?!