I SÉRIE — NÚMERO 4
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Risos do PSD e do CDS-PP.
Sr.ª Presidente, talvez fosse de esperar um pouco que as bancadas da direita se acalmassem.
A Sr.ª Presidente: — Queira prosseguir, Sr. Deputado.
O Sr. João Semedo (BE): — Sr. Deputado, vamos então à discussão de quais são as motivações de uns e
de outros.
Diz o Sr. Deputado que não se deve judicializar a política. Então, a primeira pergunta que lhe faço é esta:
quais são as conclusões que tira do facto de um membro do atual Governo ter mentido ao Parlamento e à
comissão de inquérito? Politicamente, o que é que significa para si? Se não quer judicializar, se quer tirar
conclusões políticas, quais são as que o CDS tira? Esta é a primeira pergunta.
A segunda pergunta é a seguinte: então, para o CDS, um qualquer titular de um cargo político pode mentir
porque, se incorrer na mentira ou em qualquer outro crime, não pode ser apurada qualquer responsabilidade?
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Pode e deve!
O Sr. João Semedo (BE): — É esse o erro. E a tentativa de «atirar areia» para cima dos portugueses
existe, sim, mas por parte do CDS e do PSD.
Há um crime efetivamente, que está mais do que demonstrado, porque as provas são irrefutáveis. Há quem
queira que a Procuradoria-Geral da República investigue e há quem não queira!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — O Sr. Deputado já decidiu que há um crime! E não há
contraditório!
O Sr. João Semedo (BE): — Por último, é lamentável que um Deputado deste Parlamento, ainda por cima
com as responsabilidades que o senhor tem, entenda que a questão da verdade ou da mentira seja um
«número político». Isso, sim, é lamentável!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não, não! Eu não falei de verdade e de mentira, está muito
enganado!
O Sr. João Semedo (BE): — Significa que, de facto, como referi, para o PSD e para o CDS depende de
quem mente, porque se for uma mentira conveniente, tudo bem; se for preciso proteger o mentiroso, tudo bem!
Para o PSD e para o CDS, a mentira e a verdade são valores muito relativos.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Também para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Hoje, que se fala do
resultado das eleições autárquicas na Assembleia da República, gostava de dizer que a confiança que foi
atribuída à Coligação Democrática Unitária, nestas eleições autárquicas, acrescenta-nos responsabilidades,
quer ao nível local quer ao nível nacional. E é nesse âmbito nacional que gostava de aproveitar esta
declaração política para alertar para a perigosa reação do Sr. Primeiro-Ministro ao resultado destas eleições
autárquicas.
Talvez seja importante começar por dizer que tanto o líder do PSD como o líder do CDS passaram a
campanha eleitoral a procurar convencer que as autárquicas não se podiam confundir com nenhum tipo de
leitura sobre a governação nacional — ou seja, eram coisas completamente distintas. Mas acontece que as
pessoas não são tolas, Sr.as
e Srs. Deputados, e, face à delapidação que se tem gerado a nível social e