3 DE OUTUBRO DE 2013
11
queremos rejeitar perentoriamente essa ideia. Os cidadãos são iguais em direitos e deveres, quer sejam
militantes dos partidos quer não sejam.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — E as candidaturas de partidos e de coligações de partidos têm exatamente
a mesma legitimidade democrática que os grupos de cidadãos que se apresentarem a votos!
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — Hoje, o jornal i titula que 54% dos eleitores não votaram em partidos.
Sr. Deputado, fazendo exatamente as mesmas contas, nós podemos dizer que 96% dos cidadãos não
votaram em listas de grupos de cidadãos eleitores!
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — As contas são exatamente as mesmas, é só questão de saber se o copo
está meio cheio ou meio vazio. Ora bem, aquele copo está muito mais vazio do que cheio!
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, prosseguimos com a declaração política do Bloco de Esquerda.
Para o efeito, tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo.
O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Queria começar por, em nome do
Bloco de Esquerda, associar-me à saudação inicialmente feita pela Sr.ª Presidente da Assembleia a todos os
Srs. Deputados e Sr.as
Deputadas eleitos e eleitas para funções autárquicas, desejando a todos felicidades no
exercício dessas novas funções.
Sr.as
e Srs. Deputados: o PSD e o CDS impediram hoje, de manhã, que a Conferência de Líderes decidisse
que o Parlamento deveria participar e informar o Ministério Público sobre a falsa informação prestada pelo Dr.
Rui Machete ao Parlamento, mais propriamente à comissão de inquérito ao caso BPN.
Vamos primeiro aos factos ou, melhor dizendo, ao facto: o Dr. Rui Machete foi ouvido pela comissão de
inquérito ao caso BPN no dia 2 de abril de 2009. Na véspera, no dia 1 de abril de 2009, a pedido do próprio Dr.
Rui Machete, foi distribuída a todos os membros dessa comissão de inquérito uma carta do próprio onde ele
declarava não ter à data, nem nunca ter tido, ações da Sociedade Lusa de Negócios (SLN).
Sabemos hoje, todos, que essa afirmação é falsa — ficámos a saber isso em agosto deste ano. O Dr. Rui
Machete, entre 2000 e 2007, foi titular de 25 490 ações da SLN. Tudo isto, Sr.as
e Srs. Deputados, está
devidamente documentado e é provado de forma irrefutável.
Neste Parlamento, ou fora dele, não há ninguém que possa dizer que a afirmação do Dr. Rui Machete é
verdadeira. E todos podem dizer e comprovar que ela é falsa, a começar pelo próprio Dr. Rui Machete que
assumiu ter cometido uma «incorreção factual» que, ultrapassada a extravagância linguística desta fórmula,
significa falsas declarações, falsa verdade, mentira!
Diz o Dr. Rui Machete que foi sem intenção e sem interesse que faltou à verdade. Mas, Sr.as
e Srs.
Deputados, não é o interesse nem a intenção do Dr. Rui Machete que está em questão. Sobre isso, cada um
terá a sua opinião — nós, Bloco de Esquerda, temos a nossa e não a queremos discutir. O que nós dizemos é
que, qualquer que tenha sido a intenção ou o interesse, objetivamente a falsa informação do Dr. Rui Machete
teve influência decisiva na audição que lhe foi feita na comissão de inquérito.