I SÉRIE — NÚMERO 4
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A primeira era uma impossibilidade, porque nunca ninguém foi acionista do BPN: como as ações do BPN
eram 100% da SLN, não havia acionistas particulares em de toda a SLN. Mas a parte da SLN é uma inteira e
grosseira mentira!
Sr. Deputado, o problema é que esta carta não foi distribuída apenas, meses antes, ao Deputado Luís
Fazenda e aos restantes líderes parlamentares, porque a pedido — repare! — do próprio Rui Machete a carta
foi distribuída, na véspera da sua audição na comissão de inquérito, a todos os membros da comissão de
inquérito. E tenho por certo, como qualquer um de nós, sobretudo os Deputados que participaram na comissão
(que já nem me recordo se ainda hoje são ou não Deputados), que a afirmação do Dr. Rui Machete de que
não era acionista da SLN orientou todo o questionário de todos os Deputados daquela comissão, porque foi o
único acionista da SLN que não foi questionado sobre essa matéria.
Aproveito, aliás, para dizer há coisas fantásticas em torno do BPN.
Sabe o Sr. Deputado que, ainda hoje, o Parlamento não sabe, como não sabia na altura, quem foram os
acionistas da SLN? Sabe o Sr. Deputado que todas as listas que apareceram nas mãos dos mais variados
Deputados, inclusive nas minhas mãos, eram informações não oficiais? Porque nunca o próprio BPN, nunca a
própria SLN forneceu uma lista com os nomes dos acionistas da própria SLN. Isto, sim, é que é estranho!
Ainda hoje, se o Sr. Deputado pedir aos serviços da Assembleia da República que lhe forneçam a lista dos
acionistas SLN, vai obter como resposta o que também obtive: não existe. Sabe, Sr. Deputado, ter sido
acionista, naquelas condições, da SLN tem muito que se lhe diga… E é por ter muito que se lhe diga que os
senhores protegem o Dr. Rui Machete!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Semedo, não é de
estranhar que, quando a esmagadora maioria dos partidos aqui fala de eleições autárquicas, no primeiro
debate que temos após as eleições autárquicas, o Bloco de Esquerda não o faça, e nós compreendemos por
que é que não o faz.
Vozes do CDS-PP: — É evidente!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): —Contudo, uma coisa é compreender que não falem, outra
coisa é compreender que queiram «atirar areia para os olhos» das pessoas e vir com a mesma atitude
arrogante de sempre.
Respeito a opinião do Sr. Deputado António Rodrigues, mas também lhe digo que eu esperava esta atitude
do Bloco de Esquerda. Sinceramente, esperava este tipo de atitude do Bloco de Esquerda, e os portugueses
também esperam, por isso é que trataram eleitoralmente o Bloco de Esquerda como trataram!
Vozes do CDS-PP: — Ora!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Os senhores recusam-se a fazer os debates políticos, vêm
sempre com a mesma arrogância intelectual, achando que podem fazer debates judicializando as questões,
moralizando as questões, e fugindo ao debate da responsabilidade política!
Aplausos do CDS-PP.
Porque quando os debates são sobre responsabilidade política, quando os debates são sobre propostas,
quando os debates são sobre mandatos, quando os debates são sobre compromissos, os senhores não
conseguem obter a confiança dos portugueses.
Vozes do CDS-PP: — É verdade!