I SÉRIE — NÚMERO 6
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O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas, Sr. Deputado, como disse, houve boas notícias: a verdade é que, dentro
do esforço de consolidação que estamos a fazer, e que obrigará, portanto, a que baixemos mais o défice para
o próximo ano, conseguimos preservar algumas notícias que são importantes e que constarão do Orçamento
do Estado para a nossa recuperação em 2014.
À cabeça, refiro a reforma do IRC, que terá custos para a receita fiscal, como é evidente, mas que não
deixará de representar um endosso importante para o nosso crescimento em 2014.
Em segundo lugar, julgo que o processo de regularização de dívidas que o Sr. Deputado evocou pode ser
também muito importante não apenas para funcionar como mecanismo de garantia de que as nossas metas
para 2013, do ponto de vista da receita, se irão mesmo concretizar, isto é, para garantir um défice de 5,5%,
mas também, não há dúvida nenhuma, para impulsionar uma melhor execução do próximo QREN.
Hoje, são muitas as empresas que têm dificuldades em aceder a esse tipo de financiamentos, ou porque
têm dívidas à segurança social ou porque têm dívidas ao fisco. Essas dívidas, muitas vezes, representam um
custo adicional dessas empresas imposto pela recessão económica.
Ora, nós não queremos dar «balões de oxigénio» a empresas que sejam inviáveis. Que fique muito
transparente perante toda a Câmara que o objetivo do Governo não é o de salvar as empresas a qualquer
preço, porque empresas que não sejam viáveis são uma mentira para o País e para os seus trabalhadores e
representarão sempre um custo muito mais pesado do que o do reajustamento, seja do fator trabalho, seja do
fator capital.
O que queremos é que as empresas que têm a possibilidade de sobreviver, porque têm negócio, porque
têm mercado, tenham um peso que pode ser aligeirado, com vantagem para o País e para os seus
trabalhadores, e tenham a oportunidade de continuar a trabalhar, a gerar valor e de aproveitar as condições de
financiamento de que disporemos nos próximos sete anos, através do novo QREN.
Estamos também interessados em que essa discussão seja tão alargada quanto possível, nomeadamente
ao maior partido da oposição. Porquê? Porque sabemos que a margem fiscal de que poderemos dispor no
próximo ano nunca acomodaria uma reforma tão ampla quanto necessária.
Significa isso, portanto, que teremos de diluí-la ao longo do tempo, para além desta Legislatura, sendo por
essa razão importante que se possa encontrar um compromisso de estabilidade para esta reforma fiscal com o
maior partido da oposição.
Por essa razão, creio, propostas que o Partido Socialista apresentou nesta matéria serão tidas em conta na
nossa discussão quando oportunamente aqui trouxermos essa iniciativa, nomeadamente no âmbito
orçamental, processo que se vai iniciar dentro em breve.
Sr. Deputado, termino dizendo o seguinte: tivemos, de facto, algumas boas notícias, elas não são de tal
modo que nos permitam antecipar sucessos extraordinários, mas é para nós um sucesso se conseguirmos,
como desejamos, fechar este Programa de Assistência e não percebemos por que é que, na oposição, esse
objetivo e essa ambição são tão estigmatizados. Na verdade, não vejo nenhum problema em dizer aos
portugueses que será um sucesso, se conseguirmos fechar este Programa de Assistência, porque o que não
foi um sucesso, foi um insucesso grave de vários anos, em Portugal, foi o resgate a que o País foi conduzido.
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro (Paulo Portas): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Agora, sair desse resgate será um sucesso para todos os portugueses, não é
um sucesso apenas para este Governo.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Essas boas notícias que tivemos e que mostram a recuperação da nossa economia — e com isto termino,
Sr.ª Presidente — dependem, no entanto… É determinante para que o nosso crescimento se efetive em 2014
e que o Programa possa ser encerrado com sucesso que não haja dúvidas sobre o nosso comprometimento
em atingir essa meta. Por isso, eu falava no momento da verdade, Sr. Deputado.