12 DE OUTUBRO DE 2013
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Lenda viva do processo de construção europeia, soube sempre inovar, introduzindo novos temas na
agenda da família política europeia. No tempo próprio, não hesitou em rasgar e adaptar-se às novas
realidades, por vezes com um pensamento bem mais jovem que muitos de mais tenra idade, introduziu cedo
na agenda política a sustentabilidade, as políticas verdes ou a solidariedade entre gerações.
O seu trabalho na promoção do processo de alargamento na Europa central e oriental tornou-o conhecido
como o «Viajante para a democracia». O seu compromisso incansável para a construção de um sistema
político a nível da União Europeia representa um enorme legado para o projeto europeu.
Trabalhou com uma energia imparável para promover os valores da democracia na Europa, foi um forte
promotor da integração europeia, e, com grande visão, trabalhou incansavelmente para construir uma família
política forte e unida.
É referido, em termos europeus, como o arquiteto da construção do consenso.
A Europa perdeu um dos seus impulsionadores, a Bélgica um dos seus mais ilustres cidadãos e o PPE um
dos seus fundadores. No plano europeu, foi a sua personalidade reconhecida, tendo sido distinguido em 1997
com o Prémio Carlos V pela sua contribuição para a construção da União Europeia.
Os seus tempos na liderança do PPE, do governo belga e, mais recentemente, à frente do Centro para os
Estudos Europeus, fizeram dele não só um grande homem de Estado, mas também uma das principais vozes
da unificação europeia.
Foi grande amigo e apoiante da integração europeia de Portugal. Aliás, era Primeiro-Ministro belga,
aquando da decisão da entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia e no Ato de Adesão. Em
reconhecimento dessa relação especial, Portugal concedeu-lhe a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, em 1982, e a
Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, em 1987.
A Europa ficou mais pobre, mas a sua obra e memória ficam marcadas no projeto europeu e, sobretudo, na
nossa memória.»
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Srs. Deputados, vamos proceder à votação do voto n.º 154/XII (3.ª) — De pesar pela morte do ex-Deputado
Mário Ferreira Bastos Raposo (PSD, PS, CDS-PP, PCP, BE e Os Verdes).
O Sr. Secretário, Deputado Jorge Fão, vai fazer o favor de ler o voto.
O Sr. Secretário (Jorge Fão): — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«Foi com enorme emoção e pesar que a Assembleia da República tomou conhecimento do falecimento de
Mário Ferreira Bastos Raposo.
Figura insigne e incontornável da democracia portuguesa, cedo se destacou pela defesa das suas
convicções, combatividade e capacidades técnicas e humanas. Cedo também as colocou ao serviço de
Portugal e dos portugueses.
Nasceu em Coimbra, no dia 15 de janeiro de 1929, casado e pai de dois filhos. Licenciou-se em Direito, na
Universidade de Coimbra, em 1952.
Inscrito na Ordem dos Advogados desde novembro de 1955, veio a ser membro do Conselho Geral da
Ordem dos Advogados, entre 1972 e 1974. Foi eleito Bastonário, em fins de 1974, para o triénio 1975-77. Foi
Ministro da Justiça nos III, VI, IX e X Governos Constitucionais (presididos, respetivamente, por Nobre da
Costa, Francisco Sá Carneiro, Mário Soares e Cavaco Silva).
Foi Deputado na Assembleia da República, entre 1979 e 1990. Presidente da Comissão Parlamentar de
Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias e Provedor de Justiça.
Foi o primeiro Presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Foi Presidente do
Instituto Ibero-Americano de Direito Marítimo (eleito, em Sevilha, para o primeiro triénio: 1988-1991). Membro
titular do Comité Maritime International e do Tribunal Internacional de Arbitragem de Haia. Foi também
Conselheiro de Estado e membro do Conselho Superior do Ministério Público.