1 DE NOVEMBRO DE 2013
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para cá, de todos aqueles que podem criar riqueza e que com isso podem dar sustentabilidade a uma baixa
concreta e sistemática da taxa de desemprego.
A pergunta que queria deixar é esta: com base na reforma do IRC, que, entendemos, é fundamental, é
estruturante e pode induzir expectativas nos investidores e induzir fatores de alavancagem do crescimento
económico, de que forma é que entende que podemos, através dessa reforma, trazer não apenas taxas mais
favoráveis e competitivas no espectro da economia global, mas também beneficiar de procedimentos mais
céleres de simplificação fiscal que seja amiga do investidor e de quem quer criar riqueza?
Gostaria de deixar uma outra pergunta que para nós é fundamental que seja respondida não apenas pelo
Sr. Ministro, mas também pelo maior partido da oposição: qual é a vantagem que nós temos, na gestão de
expetativas, de apresentar com quem, ao fim e ao cabo, teve parte da responsabilidade pela falta de
competitividade e de crescimento — o que para nós é essencial — uma reforma do IRC que queremos, seja
claro, não para as próximas eleições mas que proteja as atuais e as futuras gerações?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do PCP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr. Ministro
da Economia, afirmou o Sr. Ministro da Economia este mês que é um soldado disciplinado dentro deste
Governo. Ao recordarmos as palavras que proferia há uns meses sobre o IVA da restauração, quem o viu e
quem o vê, Sr. Ministro, é caso para dizer que diferente que o senhor ficou desde que foi «à recruta»!
Risos do PS.
É que, quando o Sr. Ministro aparece como soldado milagreiro dessa espécie de cruzada ou guerra santa
pelas grandes empresas, fica a pergunta de onde está, afinal, a defesa pela mudança de fundo que o País
exige e que o senhor defendia em relação ao IVA da restauração, relativamente ao qual os senhores o dia
inteiro não têm uma única palavra.
Daí a primeira pergunta que eu gostava de lhe colocar: Sr. Ministro, consegue V. Ex.ª dizer, mesmo que
seja baixinho, «IVA da restauração»?
Risos do PCP.
Em relação a essa reforma histórica do IRC, que o senhor proclama, gostava de perguntar onde é que V.
Ex.ª arranjou tempo para, nessa reforma, incluir um aumento do pagamento especial por conta de 1000 € para
1750 €, um aumento de 75% que penaliza e aumenta a asfixia financeira sobre as micro, pequenas e médias
empresas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E, por favor, não venha dizer, como a Sr.ª Ministra das Finanças fez, que esta
reforma vem potencialmente beneficiar um universo de 330 000 empresas, sendo que, segundo o INE,
empresas em Portugal há 300 000. Não queremos acreditar que, de acordo com as sociedades relevantes
para efeitos de análise do INE, aquilo que os senhores apresentam como benéfico é maior do que aquilo que
existe na economia portuguesa! Porque aquilo que existe, de facto, na economia real são micro e pequenas
empresas que hoje têm a «corda na garganta» e não têm problemas de pagar muitos impostos sobre os lucros
que não têm, pois é sobre os lucros que não têm que se coloca o problema. E aí está, de facto, o problema da
procura interna.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!