1 DE NOVEMBRO DE 2013
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Queria, pois, também saber, da parte do Governo e de V. Ex.ª, da disponibilidade para envolver propostas
dos vários parceiros sociais e também do Partido Socialista porque, de facto, esta deve ser uma reforma que
deve perdurar durante várias legislaturas.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Nuno Magalhães, o Governo tem reiterado
disponibilidade para, quer em sede parlamentar quer de forma bilateral, conversar com todas as forças
representadas no Parlamento, mas, em particular, com o principal partido da oposição, sobre reformas que
tenham um sentido estrutural para a nossa economia e para o Estado.
Quando anunciámos a intenção de trazer à Assembleia da República uma revisão do IRC, para a qual
convocámos uma comissão de especialistas que foi encarregue pelo Governo de estudar todas as
possibilidades de reforma e contrastá-las com o que se fazia noutros países ao nível europeu com os quais
competimos e, depois, confrontar essa informação com as propostas dos parceiros sociais e de outras forças
políticas, o Governo sentiu que estava a cumprir a sua missão de apresentar um documento de trabalho que
pudesse gerar um consenso o mais alargado possível. Este é, pois, o nosso objetivo, até pelas razões que o
Sr. Deputado enunciou.
Nós não conseguiremos executar uma reforma desta amplitude num curto prazo de tempo. Mas, mesmo
que conseguíssemos — e vamos supor que era possível atingir os objetivos a que nos propusemos de um ano
para o outro —, bastaria uma promessa que fosse entendida como credível por parte, nomeadamente, do
maior partido da oposição de que, uma vez chegado ao Governo, reveria e reverteria todas as decisões que
fossem tomadas para que uma matéria de Estado que só alcança estabilidade e previsibilidade junto dos
investidores se tiver esse consenso de médio e de longo prazos falhasse, qualquer que fosse a ambição que
nela puséssemos.
Esta é a razão por que estamos livremente condenados a trabalhar em conjunto, se quisermos ser
suficientemente responsáveis e interessados em defender a médio e longo prazos os interesses nacionais.
Não se trata de nenhuma propensão para que os iguais se juntem. Somos muito diferentes, e essa diferença
em democracia é essencial.
A ideia, que alguns mantêm, de que tudo deve estar no Governo ao mesmo tempo para que não haja
qualquer expectativa de que fica por resolver problemas que são importantes não é uma perspetiva amiga do
pluralismo e da democracia.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Para exercer alternativas devemos fazer jus à sociedade pluralista em que
vivemos, mas para defender o interesse nacional, não precisamos de confundir as nossas alternativas,
podemos perfeitamente juntar-nos em torno de matérias que são essenciais e nas quais todos temos o desejo
e a obrigação de ceder. Ninguém pode ficar a olhar para o seu umbigo, seja qual for a matéria de Estado
importante para o futuro do País.
É assim que é feito o diálogo com os parceiros sociais, é assim que deve ser feito o diálogo com o principal
partido da oposição.
O Sr. António José Seguro (PS): — Diálogo?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Quero dizer, nesse particular, que, no entanto, para haver um diálogo é
preciso que haja duas partes e é preciso que aqueles que se devem sentar a dialogar o queiram fazer e não
fiquem desejosos de andar às escondidas a fazer aquilo que o País obriga e exige que se faça
democraticamente.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.