1 DE NOVEMBRO DE 2013
11
industrial? Como pode ignorar-se as melhorias dos índices de confiança? Como pode ignorar-se que, nos
primeiros nove meses de 2013 tenha sido criado o dobro das empresas que fecharam, Sr. Primeiro-Ministro?
E como pode ignorar-se — são dados de hoje mesmo — que a taxa de desemprego está a descer em cadeia
há oito meses consecutivos e que, pela primeira vez, Sr. Primeiro-Ministro, desceu também em termos
homólogos face ao ano passado? É a primeira vez que isto acontece desde 2008.
Por isso, como pode, num debate destes, ignorar-se um dado tão relevante, que atinge o grande problema
que temos na nossa sociedade, o desemprego, mas que tem esta evolução?
Sr. Primeiro-Ministro, sabemos que este Orçamento é difícil — o Sr. Primeiro-Ministro também o tem dito —
, mas é um Orçamento de esperança. É um Orçamento de esperança, desde logo, porque nos permite
terminar o nosso Programa de Assistência Económica e Financeira. Hoje, o Partido Socialista já admitiu que
Portugal talvez termine o Programa em junho, mas, até hoje, nunca o Partido Socialista se colocou nessa
situação de admitir que estávamos efetivamente a cumprir e a colher os méritos de termos, desde o início,
definido como estratégia cumprirmos o nosso compromisso com os nossos credores.
É ainda um Orçamento que diminui o défice. E é um Orçamento amigo do investimento e do relançamento
da atividade económica.
E é também, Sr. Primeiro-Ministro, um Orçamento que protege aqueles que são os mais vulneráveis da
nossa sociedade, que pede um esforço maior àqueles que têm mais possibilidade e que protege aqueles que
têm menos possibilidade.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, nesta primeira intervenção, queria também fazer uma alusão ao programa de
reforma do Estado que está em curso e que vai conhecer agora uma segunda fase na sua implementação.
De facto, Sr. Primeiro-Ministro, não podemos ignorar que, nos últimos dois anos e meio, tivemos reformas
importantes como na área da justiça, na área da saúde, na área da educação e na área da defesa e que
também tivemos muitas melhorias na área da Administração Pública, com vista a termos um Estado mais
eficiente. Foram extintos organismos que estavam em duplicado, foram reduzidos os cargos dirigentes na
Administração Pública.
A famosa lei dos compromissos, que o Partido Socialista dizia que iria parar a Administração Pública e até
a administração local, está hoje em execução e é um contributo para a disciplina orçamental e para o controlo
orçamental para os próximos anos, Sr. Primeiro-Ministro. A Administração Pública não parou, a administração
local não parou e hoje cumprem regras mais exigentes do ponto de vista da consolidação orçamental.
Mas, como dizia, o Governo apresentou ontem o documento da reforma do Estado, documento este que foi
logo desdenhado por parte da oposição, nomeadamente do Partido Socialista.
Admitimos, porque é um documento aberto, que chame à reflexão e à ponderação os agentes políticos e os
parceiros sociais. Admitimos que ele possa ser melhorado, complementado e até criticado, Sr. Primeiro-
Ministro. Mas é um documento que junta a todo o trabalho feito no âmbito da reforma do Estado aquela que é
a nossa perspetiva, a nossa ideia para os próximos anos. Este é um ponto de partida para a discussão sobre o
futuro do nosso Estado e da relação do Estado com os cidadãos.
Sr. Primeiro-Ministro, uma folha em branco é a ideia da reforma do Estado do Partido Socialista.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Partido Socialista prometeu ao País um laboratório de ideias, mas, até ver, só tem uma ideia de
laboratório, porque ainda não temos uma única ideia do Partido Socialista!
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Quero, nesta ocasião, com toda a humildade democrática, convidar o
Partido Socialista a entrar neste debate. Estamos numa altura em que se pode dar cumprimento a uma
deliberação desta Assembleia, que criou uma comissão precisamente para podermos todos trocar as nossas
ideias e confrontá-las sobre o Estado do futuro. Queira o Partido Socialista entrar neste debate, indicar os seus
Deputados para essa comissão. Nós estamos, como sempre, disponíveis para dialogar, discutir e decidir o
futuro do nosso País.