1 DE NOVEMBRO DE 2013
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O Sr. Primeiro-Ministro vem aqui pedir o voto dos Deputados e Deputadas para colocar no desemprego
mais de 130 pessoas a cada dia que passar em 2014.
Por isso lhe digo que a responsabilidade de cada um e de cada uma, nesta Assembleia da República, é
chumbar o seu Orçamento, e é isso que vai fazer o Bloco de Esquerda.
Sr. Primeiro-Ministro, depois de ter dito que não falaria do passado, passou estes anos a falar do Governo
anterior. Agora, arranjou um novo bode expiatório. O Sr. Primeiro-Ministro veio dizer que o risco é o Tribunal
Constitucional. Talvez possa encontrar alguma criança que lhe explique que não é bonito deitar para outros as
culpas que são suas.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Essa é que é essa!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Primeiro-Ministro, a Constituição é a barreira que protege Portugal do
desastre, e nós estaremos na primeira linha dessa defesa. Defender a Constituição é defender a dignidade do
nosso País e de quem trabalha, é também defender a economia. Foi a decisão do Tribunal Constitucional que
deu confiança à economia e que devolveu subsídios a trabalhadores e reformados, que permitiu os ténues
sinais positivos de que a maioria se gaba mas que quer destruir com mais austeridade.
Sr. Primeiro-Ministro, se o risco para a economia for o Tribunal Constitucional, não terá outro remédio se
não pedir ao Presidente da República que peça a fiscalização preventiva do seu Orçamento do Estado.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Primeiro-Ministro, a terminar tenho uma pergunta para lhe fazer: veio
aqui falar-nos da despesa no ajustamento. Bem, cortar na despesa ou na receita não nos diz nada sobre a
equidade do ajustamento, porque nós sabemos que os trabalhadores são gente, que os reformados são gente
e, portanto, o que nos diz sobre a equidade é que nós sabemos que 4% do ajustamento é sobre a banca e as
grandes empresas e que 82% do ajustamento é sobre as famílias.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Termino, Sr.ª Presidente.
A banca sofrerá com este Orçamento 150 milhões de euros, mas tem o desconto do IRC. Já as famílias,
em salários e pensões, terão menos 2200 milhões de euros e sabem que ainda vai cortar mais na saúde e na
educação.
Portanto, a minha pergunta, Sr. Primeiro-Ministro, é a seguinte: onde está a equidade? Ou, melhor ainda,
onde está a decência?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, acusou-me de querer
condicionar o debate do Orçamento do Estado com o artifício do guião para a reforma do Estado que, no
entanto, ela própria criticou. Não sei se era isso que queria discutir, fiquei na dúvida. Mas, Sr.ª Deputada, vou
continuar a discutir o Orçamento.
Diz a Sr.ª Deputada que o Orçamento do Estado para 2014, de facto, o que trará é uma segunda troica.
Sr.ª Deputada, o que este Orçamento pretende fazer, com muito esforço de todos os portugueses, é
justamente fechar o período de assistência que estamos a viver e dispensar essas avaliações trimestrais que
garantem se havemos de ter financiamento ou não. É isso mesmo que nós queremos fazer. Não iluda os
portugueses por favor. O que este Orçamento pretende fazer, Sr.ª Deputada, é, de acordo com o que foi…
Protestos da Deputada do BE Catarina Martins.