1 DE NOVEMBRO DE 2013
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pontos percentuais da dívida — e estou a citar o Conselho Superior de Finanças Públicas — respeitam a
reclassificações do setor empresarial do Estado. Uma grande parte do aumento da dívida decorre de
começarem a ser refletidas nas contas públicas o que foram as práticas de desorçamentação do passado, que
criaram a tal ilusão de riqueza!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Além de que, como também já tive ocasião de explicar por diversas vezes, uma boa parte do aumento da
dívida pública, nomeadamente no 1.º semestre deste ano, se devia à necessidade de acumular depósitos para
fazer face às responsabilidades seguintes. Aliás, em setembro de 2013, pagámos 5,6 milhões de euros de um
empréstimo que já vinha de 1998, por sinal de um Governo socialista.
O Sr. João Galamba (PS): — Sempre que amortize a dívida, isso acontece!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Quando aumentámos a dívida…
Protestos do PS e do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, há muito ruído na Sala.
Pausa.
Faça favor de continuar, Sr.ª Ministra.
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Quando aumentámos a dívida bruta, tive ocasião de
explicar que o montante de depósitos da administração central era invulgarmente alto e que quando
descontamos esses depósitos, de facto, a dívida pública fica abaixo dos 120%. Se lhe juntarmos o efeito da
reclassificação, os Srs. Deputados verão que a dívida cresceu bem pouco, face às dificuldades do País.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
No que diz respeito à pergunta da Sr.ª Deputada Cecília Meireles sobre o Dia Mundial da Poupança, é
verdade, Sr.ª Deputada, eu aludi hoje, na intervenção inicial, à importância da criação de um superavit externo,
de um excedente externo,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Daí o corte nos rendimentos!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — … de uma capacidade de financiamento dentro do País,
porque quanto maior é a nossa dependência do exterior, maior é a nossa vulnerabilidade e mais em risco fica
a nossa soberania.
Por isso é que há países no mundo que têm dívidas muito elevadas e isso não ameaça a sua
sustentabilidade, enquanto outros há que têm dívidas mais baixas e ficam ameaçados. Daí a importância da
correção dos desequilíbrios externos.
Hoje, foi lançado um novo produto de poupança de retalho, tal como tinha sido um compromisso deste
Governo, que oferece aos portugueses uma rentabilidade atrativa. E mais: havendo crescimento do produto,
os portugueses que invistam nele, ao fim de quatro ou cinco anos partilham das vantagens desse crescimento
do PIB como prémio adicional, para além do que está garantido.
Por último, queria referir-me a uma questão colocada pelo Sr. Deputado Duarte Pacheco sobre o corte
salarial e também — questão que já foi suscitada hoje aqui — sobre a natureza transitória ou permanente
desse corte.
Recomendo aos Srs. Deputados a leitura de um acórdão do Tribunal Constitucional de 2011, que vou
passar a citar: «(…) estas medidas terão uma duração plurianual, sem pôr em causa o seu carácter transitório,