1 DE NOVEMBRO DE 2013
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Aplausos do PS.
Mas vejamos, concretamente, o que o Memorando, que será concluído — desejamo-lo sinceramente —, a
bem de Portugal, a bem dos portugueses, previa para 2014, para o ano em que o Memorando seria encerrado,
para o ano a que este Orçamento respeita: crescimento económico, 2,5%; desemprego, 12%; dívida pública,
115%; défice, já abaixo dos 3%. É este o quadro macroeconómico do Memorando, com base no qual este
Governo governou, com três Orçamento do Estado e nove revisões do Memorando. Por isso, deveriam estar
aqui não a clamar pela libertação, mas a corar de vergonha e a pedir desculpa aos portugueses.
Aplausos do PS.
Os resultados, Sr.as
e Srs. Deputados, estão bem longe desta expectativa, sabemo-lo bem. O défice que,
em 2012, era inicialmente de 4,5%, será, nos termos do Orçamento retificativo, de, pelo menos, 5,9%.
O desemprego é acima daquilo que estava originariamente projetado — e não vale a pena falar em
alteração do comportamento da economia a meio do ano, porque a previsão inicial do Governo era uma
recessão de 1% e ela será certamente bastante superior, de 1,8%, nos termos do Orçamento retificativo.
Finalmente, falemos da dívida pública, tantas vezes aqui referida pela Sr.ª Ministra. Não foi o Partido
Socialista que colocou no Orçamento retificativo, publicado em julho deste ano (e não em julho de 2011), que
a dívida pública seria, este ano, de 125%. O Eurostat, tantas vezes já aqui hoje referido, veio dizer, no dia 23
de outubro, já depois de o Orçamento do Estado ter sido apresentado, que a dívida pública portuguesa
ultrapassou os 131%. Tem, pela primeira vez, Sr. Primeiro-Ministro, como lhe disse no ano passado, no
debate do Orçamento do Estado, uma dimensão verdadeiramente italiana. É essa a desgraça da sua
governação. Quando chegou ao Governo, em final de 2010, recorda-se do valor da dívida pública? Era de
98% do PIB.
Protestos do Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro acrescentou-lhe 33%, acrescentou-lhe 30 000 milhões de euros desde que é
Primeiro-Ministro.
É este o resultado de um Governo que fracassa nos objetivos sociais. O desemprego — tremenda
surpresa, tremenda tragédia para quem o sofre — ultrapassou a expetativa do Governo.
E fracassa nos objetivos económicos, pois a recessão está sempre acima do projetado. Mas fracassa
também nos objetivos de política monetária, fracassa no objetivo do défice, fracassa no objetivo da dívida. E,
quanto ao tão falado equilíbrio da balança corrente, o que, de facto, não acontecia há décadas, deviam ter
algum pudor em referi-lo. De facto, esse saldo positivo aconteceu — têm razão —, pela última vez, há muitas
décadas, durante a Segunda Guerra Mundial, quando Portugal estava à fome e as receitas do volfrâmio nazi
financiavam as receitas do Estado. Não é esse o Portugal de hoje, não é esse o Portugal que temos para
ninguém e, sobretudo, nunca mais será esse o Portugal que queremos.
Aplausos do PS.
Olhemos, então, para aqueles que são os resultados da estratégia prosseguida: uma estratégia de
conflitualidade com os parceiros sociais, nomeadamente com os sindicatos e, em particular, com a UGT, que
tão patrioticamente contribuiu para os acordos de concertação social e que declara sucessivamente ser
ludibriada por aquela que é a permanente estratégia de revolução social prosseguida pelo Governo. Mas
estratégia de conflitualidade também com as associações patronais, que, todas elas, no Conselho Económico
e Social e aquando da sétima avaliação, disseram: «Esta é a hora de parar, esta é a hora de mudar, esta é a
hora de dar uma esperança às empresas, uma esperança ao crescimento».
O Governo, de facto, tem razão quando diz que algumas das medidas que constam deste Orçamento eram
já ameaças da sétima avaliação. Foi essa avaliação tão longa que marcou aqui o corte definitivo do Governo