I SÉRIE — NÚMERO 16
96
de acordo com a sua razão de ser e natureza, de resposta normativa a uma conjuntura excepcional, que se
pretende corrigir, com urgência e em prazo o mais breve possível, para padrões de normalidade.»
Como veem, Srs. Deputados, não sou eu que digo, é o Tribunal Constitucional que diz que transitório não
é, necessariamente, anual.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Alberto Martins (PS): — Só leu parte do Acórdão!
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Eduardo Cabrita, do PS.
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e
Srs. Deputados: Este Orçamento do Estado e o debate que estamos a fazer aqui hoje é a prova de dois anos
perdidos, de uma estratégia falhada e de um País sem esperança.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Ministra das Finanças, que usou da palavra até há poucos segundos, chegou aqui com a inocência e
a candura de quem não apresentou, não teve responsabilidade política até agora por três Orçamentos do
Estado, cinco Orçamentos retificativos e nove avaliações da troica, as quais, todas elas, alteraram o
Memorando inicial de forma unilateral, sem ouvir os parceiros sociais, sem ouvir o Parlamento, sem ter em
conta a posição do Partido Socialista.
Aplausos do PS.
É esta a dimensão dramática com que os portugueses hoje estão confrontados e como temos de encontrar
um caminho que permita, com credibilidade e com solidez, articular uma estratégia sustentada de
consolidação orçamental, uma estratégia de boas finanças públicas, com uma estratégia à medida da
esperança dos portugueses: de crescimento, de emprego, de acompanhamento por Portugal do relançamento
da economia que a Europa está a ter neste momento.
Protestos do PSD.
É por isso que temos de analisar a falta de credibilidade deste Orçamento à luz do fracasso deste Governo.
O Governo chega aqui e os Deputados da maioria falam com entusiasmo do Orçamento que concluiria o
Programa de Ajustamento que têm vindo a executar.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Não é verdade!
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Estranhas considerações da parte de quem, em março de 2011, salivava
pela vinda da troica, esperava que o FMI viesse pôr Portugal na ordem, dizia que esse era o seu verdadeiro
Programa de Governo, essa era a forma de vir pôr Portugal a fazer aquilo que ao longo de muitos anos não
tinha feito.
Aplausos do PS.
Um Ministro dos Negócios Estrangeiros que se refere ao seu País como um protetorado ofende Portugal,
ofende os portugueses. Não tem direito, quem assim diz, a vir aqui falar em libertação.
Aplausos do PS.
A única libertação a que os portugueses aspiram é a libertação deste Governo, é a mudança desta política!