O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 16

98

com a realidade, com o País. E a consequência é que o Dr. Vítor Gaspar, reconhecendo esse fracasso, já não

está hoje aqui neste debate.

Aplausos do PS.

Mas este Governo, que hoje fala em consenso, desprezou sempre os contributos do Partido Socialista,

passou sempre por uma estratégia de ignorar aquilo que era ouvir o Parlamento e adotou mesmo — um

Governo que tem a obrigação de exercer a sua missão num quadro constitucional — uma estratégia de afronta

ao Estado de Direito.

Um Orçamento do Estado declarado inconstitucional poderia ter sido consequência de uma avaliação, que

não era uniforme, da compatibilidade entre as normas e a ordem constitucional. Dois Orçamentos do Estado

inconstitucionais é reincidência. Três Orçamentos do Estado a caminho da inconstitucionalidade é sinal de um

Governo que tem, verdadeiramente, uma prática marginal em relação ao Estado de Direito e à ordem

constitucional.

Aplausos do PS.

Não é com base nesta prática que se constrói o consenso nacional para o emprego, para o crescimento e

para a consolidação das contas públicas.

Por isso, olhemos para quais são as propostas deste Orçamento do Estado. Este Orçamento, em matéria

fiscal, nada nos traz e consolida o enorme aumento de impostos, diria mesmo, sobretudo e exclusivamente, o

enorme aumento de IRS, que tem garantido um crescimento de receitas acima dos 30%. Portanto, aí, nada é

alterado.

Aquilo que era um compromisso do Orçamento do Estado para este ano, uma cedência, uma abertura do

Governo, na fase de especialidade — mas já ouvimos aqui alguns Srs. Deputados, e até o Governo, falar que

poderia ser no Orçamento do Estado para 2015 —, era a elaboração de um relatório rigoroso sobre a questão

do impacto social, económico e fiscal do IVA da restauração. Esse relatório foi produzido e tinha quatro

alternativas diferentes, quatro formas diferentes de dar resposta a essa questão, em coincidência, aliás, com

aquilo que o Dr. Pires de Lima, antes de ser Ministro, várias vezes tinha afirmado como sendo uma

intervenção necessária. O que é que consta do Orçamento do Estado para 2014? Uma completa ignorância

quer das expectativas desse relevante setor económico quer daquilo que eram as próprias conclusões do

relatório apresentado.

Qual é a estratégia deste Orçamento do Estado? É uma estratégia de corte de 3900 mil milhões de euros

assente fundamentalmente na redução de pensões de sobrevivência e de salários no setor público a partir dos

600 €. É essa diferença profunda entre um nível de intervenção entre 600 € e 1500 € que faz toda a diferença:

a progressividade ou a ausência disso, a transitoriedade que o Tribunal Constitucional reconheceu ou a

indefinição sobre um horizonte sem limite para esse corte nos custos do trabalho.

Quanto a políticas de competitividade, onde é que elas estão? Aquilo que os empresários reclamam

sucessivamente é uma intervenção que permita estimular a procura interna e a inovação. Competitividade é

apostar nas qualificações e na educação, não é o Sr. Primeiro-Ministro andar a mostrar computadores

Magalhães no Panamá e acabar com a Informática ou o Inglês para o 1.º ciclo, em Portugal.

Aplausos do PS.

Competitividade é apostar naquilo que são referências de modernidade e de competitividade. Portugal tinha

um papel liderante nas energias renováveis, mas a política deste Governo foi imediatamente a de cancelar,

eliminar todos esses estímulos à utilização de energias renováveis.

Competitividade, Sr.as

e Srs. Deputados, é simplificar a Administração Pública, é simplificar procedimentos

administrativos. Portugal subiu no ranking da competitividade quando aplicou o Simplex. Envergonhadamente,

na redação de 112 páginas ontem divulgada, lá vem um Simplex II, falando dessa estratégia abandonada por

este Governo.