2 DE NOVEMBRO DE 2013
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Os Deputados do PSD abaixo assinados, eleitos pelo círculo eleitoral da Madeira, votaram favoravelmente,
na generalidade, a proposta de lei do Orçamento do Estado para 2014, pelas seguintes razões:
1 — É humanamente compreensível que ninguém goste de ver diminuídos os seus rendimentos, em
particular quando estão em causa remunerações do trabalho ou pensões.
2 — Os signatários identificam-se com os cidadãos do seu círculo eleitoral e do País em geral, que reagem
negativamente a tais cortes.
3 — Igualmente, não ignoram que aquelas medidas, afetando o já escasso poder de compra dos
portugueses, vão reduzir, acentuadamente, o consumo e provocar efeitos recessivos.
4 — No mesmo sentido vão, de uma forma geral, os cortes na despesa pública, que não podem deixar de
incidir sobre as remunerações de funcionários, pensões e áreas sociais, por ser aí que se concentram mais de
70% das despesas do Estado.
5 — Todavia, não se ignora que o País foi colocado, pelo anterior Governo Socialista, numa situação de
«protetorado financeiro», hipotecando totalmente qualquer autonomia orçamental, estando o atual Governo da
República (como estaria qualquer outro que estivesse em exercício), vinculado ao desastroso Memorando,
negociado e acertado por Sócrates com os nossos credores — a troica.
6 — Discordando da filosofia do Orçamento, os signatários não deixam de ter presente que, para se ter
evitado este «estado de necessidade», em que o País é, neste momento, governado, dependente das
condições da troica e das medidas por ela impostas, necessário era que, a tempo, o Governo anterior tivesse,
por um lado, travado o descontrolado endividamento em que colocou o País e, por outro se tivesse
empenhado, na União Europeia, em assegurar o adequado prolongamento de prazos, para Portugal alcançar,
faseadamente, a redução do défice.
7 — É neste contexto, de obediência aos ditames dos credores, em cuja dependência absoluta o País se
colocou, e sob pena de não serem transferidas as tranches do empréstimo concedido pela troica (o que
obrigaria a cessar o pagamento das remunerações aos funcionários e das pensões aos reformados), que se
discute, na Assembleia da República, a proposta de lei do Orçamento do Estado para 2014.
8 — Por sua vez, a Região Autónoma da Madeira está, em primeira linha, por reflexo direto do Memorando
de Entendimento, subordinada a um exigente Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF), que
vem sendo executado de forma exemplar, graças aos sacrifícios e ao esforço brutal que os madeirenses e
porto-santenses vêm fazendo, com superior sentido cívico, profunda solidariedade e elevado empenhamento
coletivo.
9 — As reservas já referidas que os signatários colocam às opções e ao sentido global da proposta de lei
do Orçamento do Estado, não podem, porém, ignorar a gravidade do já referido contexto nacional e os atuais
condicionamentos financeiros e sociais da Região Autónoma da Madeira.
10 — Impõe-se-nos, pois, a adequada avaliação do que significa e implica a votação, na generalidade, da
proposta de lei do Orçamento do Estado para 2014, em termos de se optar pela posição que melhor concilie a
solidariedade da Região com o esforço coletivo dos portugueses, com os legítimos interesses da Madeira e do
Porto Santo, em sede de Orçamento do Estado e no âmbito das negociações da revisão do PAEF.
11 — A votação na generalidade não torna lei uma proposta de texto normativo com que se não concorde
ou mereça reservas, abrindo, antes, um espaço para alterações, na especialidade, e que, no caso, pode vir a
permitir o acolhimento das propostas dos signatários, com vista à concretização das pretensões da Região e à
satisfação dos interesses das populações da Madeira e do Porto Santo.
12 — Os signatários têm o compromisso sagrado de defender, de forma inteligente, as populações que
representam, resistindo a todo e qualquer protagonismo mediático, de ocasião, que as posições radicais
minoritárias sempre proporcionam, a favor de ganhos de causa para a Região Autónoma da Madeira.
13 — Nesta sede do Orçamento do Estado para 2014, a Região Autónoma da Madeira pretende obter a
anuência do Governo e da maioria parlamentar para, na especialidade, introduzir as seguintes alterações:
— correção da dotação global das transferências do Estado, com um reforço de 10,5 milhões de euros,
como decorre da Lei das Finanças das Regiões Autónomas;
— consignação de duas autorizações legislativas, no âmbito do Centro Internacional de Negócios, para: