26 DE NOVEMBRO DE 2013
3
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, é
sempre motivo de grande satisfação ver o Partido Socialista preocupado com o pagamento de dívidas e,
sobretudo, com as dívidas do Estado. Refiro-me à avocação dos artigos 118.º-A e 128.º-A.
Confesso que prefiro este Partido Socialista ao PS que aumentou a dimensão da dívida, escondeu o seu
perímetro e protelou o seu pagamento.
O PSD também está muito preocupado com o pagamento das dívidas do Estado e, Srs. Deputados, o
Governo não tem feito outra coisa nos últimos anos se não pagar dívidas ou renegociá-las para pagar menos,
como aconteceu na saúde e nas PPP.
Pagar menos, Srs. Deputados, não é tirar com uma mão para dar com a outra, porque no caso das PPP o
risco fiscal ficou do lado do Estado e esta taxa suplementar iria acabar num pagamento complementar do
Estado.
O Governo tem tido a preocupação de criar condições para que a situação não se repita. Foi por isso que
aprovou e implementou a lei dos compromissos e não entendemos — estranhamente ou, talvez não! — como
é que o Partido Socialista, tão preocupado com o pagamento das dívidas, não acompanhou o PSD e o
Governo na aprovação desta lei de compromissos. É porque, Srs. Deputados, a melhor forma de permitir o
pagamento das dívidas do Estado é não permitir que o Estado se endivide acima das suas posses.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, pelo PS, a Sr.ª Deputada Hortense Martins.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, demais Membros do Governo, Sr.as
e Srs.
Deputados, Sr. Deputado Leite Ramos, ora aí está: a lei de compromissos foi uma lei para a «troica ver». Na
verdade, ficamos admirados pelo facto de o PSD e a maioria fazerem-se de cegos e não verem a nossa
proposta, que pretende fazer pagar as dívidas que os fornecedores, essencialmente do Estado, têm perante
as pequenas e medidas e médias empresas. Lembro que o próprio FMI se mostrou preocupado com isso
mesmo. Aliás, as dívidas no setor da saúde já atingem prazos de mora de mais de um ano e aumentaram 300
milhões!
Portanto, Sr. Deputado, se estivesse efetivamente preocupado com estas dívidas e com o seu efeito na
economia aprovariam a nossa proposta, por isso, a trazemos novamente aqui, hoje, dando-lhes essa
oportunidade. Bem sabemos que «morrem» 47 empresas por dia, Sr. Deputado e, portanto, esta proposta é
essencial.
Quero ainda referir uma outra proposta que tem a ver com o processo de privatizações. Quanto a isso, o
Partido Socialista entende que este processo deve ser suspenso dado que o Governo continua sem
apresentar o regime extraordinário — que, aliás, aprovou no Parlamento —, no sentido de salvaguardar os
interesses estratégicos nacionais. Ou será que para o Governo não existe qualquer interesse estratégico
relativamente às empresas que temos e, neste momento, como prioridade essencialmente as empresas que
dão lucro?
Refira-se o caso dos CTT, que hoje em dia estão na «berlinda». Todos referem o chamado capitalismo
popular — que agora o Sr. Secretário das Obras Públicas tanto advoga —, que tem um efeito que não
sabemos qual é, aliás, fala-se em lojas do cidadão para alguma desta rede dos CTT, põe-se em causa um
serviço público reconhecido por todos, havendo questões muito graves relacionadas com esse serviço,
nomeadamente em regiões do interior. Estamos preocupados com a possibilidade de despedimento dos
trabalhadores e, Sr. Secretário de Estado, nem tudo o que é público é mau em termos de gestão. Aliás, o
Governo deve efetivar gestão pública de qualidade. Não é por ser público que é mau, assim como não é por
ser privado que é bom!… Até parece que se o Estado for o dono mas não for o Estado português passa a ser
bom; se o Estado for português é mau…!
Portanto, o que pretendemos com esta proposta é que se suspenda de imediato este processo de
privatizações até que o Governo cumpra aquilo que a lei determina, porque já não é sem tempo. Há mais de
um ano que o Governo deveria tê-lo feito, porque põe em causa o interesse nacional e isso é inaceitável.