I SÉRIE — NÚMERO 29
22
foi negociado pelo Governo do Partido Socialista e, portanto, estranhamos que tenha, agora, tanta dificuldade
em perceber isso mesmo —…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Ora bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — … mas, dizia eu, Sr. Primeiro-Ministro, obviamente, um Programa de
Assistência Económica e Financeira que, como já reconheceu aqui, e todos o reconhecemos, gerou,
indiscutivelmente, sacrifícios para os portugueses. E este Programa resulta de anos após anos de défices
acumulados, de reformas adiadas, de investimentos em obras, algumas das quais de duvidoso retorno, sem
que o País tivesse condições para pagar ou, sequer, quem o fez tivesse tido o cuidado de perceber ou de
tentar perceber se tinha capacidades para pagar.
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, quero dizer que, por muito que a oposição se esforce para desmentir a
realidade, importa realçar aqui os factos, que são exatamente isso mesmo, factos.
Portugal está a cumprir, está a controlar as contas públicas, mas, ao mesmo tempo, a criar condições cada
vez mais coerentes e consistentes para o crescimento económico, que, como sempre dissemos, não são
realidades incompatíveis ou até contraditórias, como outras, são realidades que podem e devem ser
compatibilizadas e são até essenciais, uma depende da outra.
É ou não um facto, e é com certeza, que a economia portuguesa, nos segundo e terceiro trimestres deste
ano, após 10 meses de recessão — 1004 dias —, cresceu, saindo da situação de recessão técnica, segundo
dados do INE e do Eurostat?! É ou não um facto que a criação de empresas aumentou 15,5%, enquanto as
insolvências diminuíram 15,1%?! É ou não um facto que a produção industrial aumentou 3%, face ao período
homólogo, em níveis muito superiores à média da União Europeia?! É ou não um facto que as exportações,
por muito que pareça custar a alguma oposição, continuam a aumentar, tendo sido de 4,2%, em termos
homólogos?! Apesar de todas as previsões pessimistas, Portugal continua a exportar mais, para mais sítios,
diversificando mercados e ganhando espaço, em termos de quotas de mercado, a países como a Espanha, a
França, a Irlanda ou até a Alemanha. É ou não um facto que o turismo, apesar de o compararmos com o
melhor ano de sempre, está, ainda assim, a crescer, com um aumento de 7,7% de dormidas, face a esse
melhor ano de sempre?! É ou não um facto que a OCDE continua a prever uma melhoria da atividade
económica no próximo ano e que o Banco de Portugal, tantas vezes referido pela oposição, e hoje omitido,
prevê uma recessão menos acentuada do que o previsto para 2013 e um crescimento económico, no próximo
ano, de 2014, que é apenas o triplo daquilo que previa há uns meses?!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Quer isto dizer, Sr. Primeiro-Ministro, que está tudo bem? Não está,
como o Sr. Primeiro-Ministro, de resto, salientou, e bem. É evidente que há muito para fazer, problemas para
enfrentar, desafios para vencer e, desde logo, o do desemprego, que é a maior fratura social que o País
atravessa e que tem ainda valores muitíssimo altos. Mas até mesmo neste caso, Sr. Primeiro-Ministro,
mandam o rigor e a verdade que se diga que, segundo dados do Eurostat, pelo oitavo mês consecutivo, o
desemprego, mantendo-se em alta, desceu, mais lentamente do que desejávamos, mas desceu, e que foram
criados postos de trabalho no último semestre, já que 120 000 pessoas, entretanto, conseguiram arranjar
emprego.
E, depois, Sr. Primeiro-Ministro, não vale a pena estarmos a dizer coisas que não existem, porque o
Eurostat, o gabinete de estatística da União Europeia, hoje mesmo, diz simplesmente que numa altura em que
o emprego na zona euro estabilizou, pelo segundo trimestre consecutivo, Portugal criou novamente mais
postos de trabalho. Portugal conseguiu, aliás, liderar na subida de emprego na análise em cadeia. Não vale a
pena brincar com coisas sérias!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.