I SÉRIE — NÚMERO 29
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É inacreditável que, perante um elogio que a OCDE faz no estudo mais relevante sobre educação, o
Primeiro-Ministro português esteja calado e se apresente neste debate sem fazer absolutamente nenhuma
referência a esse estudo!
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António José Seguro, creio que o Sr. Deputado
está profundamente equivocado quando diz que estamos hoje pior do que no início do Programa de
Ajustamento.
A verdade é que se estivéssemos pior o Sr. Deputado não dizia que Portugal deveria sair deste Programa
de Ajustamento como a Irlanda. Creio ter ouvido bem o Sr. Deputado dizer que estávamos em condições de
poder sair deste Programa de Assistência Económica e Financeira como a Irlanda. Ora, isso significa que só
podemos estar melhor, porque se estivéssemos pior estávamos a preparar um segundo pedido de ajuda
externa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Deputado diz que as políticas que o Governo seguiu não são responsáveis pelos resultados que vão
sendo obtidos. Pode parecer um cliché da oposição, mas sabemos que o Partido Socialista, normalmente,
nestes debates, escolhe sempre os piores resultados para criticar o Governo e, evidentemente, considera que
os melhores resultados não se podem dever ao Governo. Não me parece que seja uma atitude consistente na
sua argumentação, mas como é evidente os resultados que vamos obtendo são importantes e não têm de ser
diminuídos.
Sabemos que temos uma taxa de desemprego muito elevada e que o mais preocupante de tudo isso é o
nível estrutural dessa taxa, que demorará muitos anos a ser debelada. Mas também sabemos que, de há
muitos meses a esta parte, de forma contínua, a nossa taxa de desemprego vem diminuindo e vai havendo
criação de novos postos de trabalho.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Exatamente!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Quer dizer, ao contrário do que tem sido sugerido, que a economia já vem
mostrando capacidade para criar emprego. E os resultados que foram mostrados a nível europeu apontam
para que Portugal tenha sido mesmo o País que mais emprego criou no último trimestre. Portanto, alguma
coisa não está correta na sua avaliação.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — E os Estaleiros de Viana do Castelo?
O Sr. Primeiro-Ministro: — Evidentemente que não estamos conformados com a situação, porque
desejamos que o nível de recuperação do emprego seja muito maior do que aquele que se tem registado, no
entanto não podemos negar a realidade. Tem sido criado emprego em Portugal e a taxa de desemprego foi
caindo, desde o início do ano, de 17,7% para 15,6%, e aquela que afeta os mais jovens, até aos 24 anos, está
já em cerca de 36%, quando ainda há meio ano atrás era superior a 44%, o que significa que estamos na boa
direção e não na má direção.
O Sr. Deputado pede para que se fale em rigor e diz que o Tribunal Constitucional devolveu um salário aos
funcionários públicos — ora aí está! — e que isso explica que o consumo tenha sido melhorado e a procura
interna tenha dado um contributo positivo para o crescimento da economia. Sr. Deputado, todo o País sabe
que a queixa foi a de que esse salário só foi devolvido agora, mas a economia já está a crescer desde o
segundo trimestre deste ano. Portanto, na sua explicação há qualquer coisa que não convence.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Por fim, respondo-lhe relativamente ao relatório PISA.