11 DE JANEIRO DE 2014
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recorrer, muitas vezes, e sistematicamente, a outro tipo de terapêuticas em consequência da doença rara de
que são portadores. Por isso, esse conjunto de medicamentos também deveria ser objeto de um tipo de
comparticipação como é o caso do escalão A.
Não temos nada a opor aos projetos de lei apresentados pelo CDS e pelo Partido Ecologista «Os Verdes»,
bem pelo contrário, saudamos a sua apresentação e votaremos favoravelmente. No entanto, consideramos
que deveríamos abranger todos os portadores de doenças raras. Este seria um pequeno passo para um
Estado mais justo e mais fraterno.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Antónia
Almeida Santos.
A Sr.ª Maria Antónia Almeida Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Falamos hoje de
ictiose, uma doença rara e desconhecida de quase todos nós, incluindo de mim própria. Tive conhecimento
desta doença através das minhas funções na Comissão Parlamentar de Saúde e através da ação empenhada
e do trabalho incansável da respetiva associação, aproveitando, assim, para saudar a Sr.ª D. Vera Beleza, que
aqui se encontra em representação de todos os doentes portadores de ictiose.
Sabemos que esta é uma doença estigmatizante e que traz muito sofrimento às pessoas que dela
padecem. Neste momento, ainda é uma doença que está revestida de uma grande injustiça em relação à
comparticipação dos medicamentos e em relação a outras doenças similares, digamos assim. Trata-se de uma
doença que tem sido maltratada, até talvez pelo desconhecimento, e a exclusão desta doença da
comparticipação dos medicamentos no escalão A não tem qualquer justificação técnica nem mesmo, diria eu,
económica.
Como já referi, as pessoas portadoras de ictiose não têm, atualmente, qualquer tipo de proteção ou de
apoio específico de natureza económica para a aquisição dos produtos ou dos serviços de saúde de que
carecem para o tratamento dessa doença.
Sr.as
e Srs. Deputados, já basta o sofrimento com que os portadores de ictiose se têm de confrontar todos
os dias, por isso foi em boa hora que agendaram estas iniciativas de modo a colmatar tal injustiça.
Quanto ao projeto de lei do Bloco de Esquerda, embora com um âmbito completamente diferente ou, pelo
menos, sendo mais abrangente, penso que é de extrema justiça, mas como referiu a Sr.ª Deputada Helena
Pinto, precisamos de fazer um trabalho mais exaustivo em termos de especialidade, no âmbito da respetiva
comissão.
Se falarmos em justiça, é evidente que se trata de uma situação injusta, pelo que seria bom, de uma vez
por todas, pensarmos em fazer um trabalho para consagrarmos o direito ao regime de comparticipação de
todas as doenças e não estarmos a analisar doença a doença ou de forma casuística.
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista continuará a acompanhar este assunto com preocupação e
espera que esta situação de extrema injustiça seja resolvida a breve prazo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Ricardo
Baptista Leite.
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Permitam-me que, entre os
diplomas em discussão, dê destaque ao projeto de lei do CDS-PP, que tem o cunho pessoal do nosso João
Serpa Oliva.
Vinculados que estamos pelo Juramento de Hipócrates enquanto colegas da profissão médica, considero
um privilégio poder partilhar da amizade de João Serpa Oliva, sobretudo pela admiração que tenho pela forma
como exerceu o seu mandato de Deputado, sempre de forma altruísta e em defesa dos doentes, não podendo
deixar de referir que o lavrar desta proposta que hoje se apresenta não foi exceção.