11 DE JANEIRO DE 2014
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conta o histórico deste Governo em ser lesto a responder a tudo quanto vem de instâncias supranacionais,
neste caso da Comissão Europeia, atendendo ao histórico que tem em ser lesto a obediente a responder à
troica para lá do Memorando. Entendemos que também nesta matéria pode ter uma oportunidade de
responder. E não precisa de ir para lá daquilo que é solicitado, bastando tão-só cumprir aquilo que lhe é
pedido.
Neste caso, se o fizerem, agem bem, sem ter de ir para lá do que é solicitado, porque Portugal não pode
deixar de responder com medidas concretas a um problema que está colocado e que novamente nos é trazido
pela Comissão Europeia.
Estamos, de facto, perante milhares e milhares de professores que, muitos deles há anos e anos, décadas
e décadas, veem o seu problema por resolver. Temos, portanto, e obviamente, de dedicar a esta temática uma
atenção especial.
Não podemos ter um Estado que obriga ao cumprimento de normas laborais e ter um Governo que, depois,
perante os seus trabalhadores, neste caso perante os professores, não dá essa mesma garantia.
Sr.as
e Srs. Deputados, bem conhecemos todo o historial nesta matéria e bem sabemos o trajeto feito por
todos os partidos no que tem a ver com a estabilização da carreira docente. Mas, Sr. Deputado Michael
Seufert, também bem sabemos e bem conhecemos aquilo que disseram o PSD e o CDS em tempos idos.
É por sabermos tudo isso que, a escassos dias do terminus do prazo que o Governo tem para responder à
Comissão Europeia, o Partido Socialista insta Nuno Crato e o Governo a responderem inequivocamente e de
uma forma positiva a esta problemática e a este parecer fundamentado; e, já agora, a terminarem com a prova
inútil que teimam obrigar os professores a fazer. Porque, afinal, o que pede o parecer da Comissão Europeia
não é para avaliar os professores é, sim, para vincular os professores.
Por isso, iremos votar favoravelmente o projeto de resolução do Bloco de Esquerda aqui em análise.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato para uma intervenção.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sucessivos Governos, do PS, do PSD e do
CDS, têm recorrido ilegalmente à precariedade para a contratação de professores que respondem a
necessidades permanentes das escolas. Sucessivos Governos, do PS, do PSD e do CDS, e em particular o
atual Governo, têm destratado e desorganizado a vida de milhares de professores, que andam com a casa e a
vida às costas para ensinarem e fazerem aquilo de que gostam, que é a construção e a defesa da escola
pública de qualidade para todos.
Os professores contratados têm sido tratados, ao longo dos últimos anos e de sucessivos ministérios e
Governos, como material descartável: são contratados, são integrados na escola para fazerem o mesmo que
os seus colegas do quadro fazem, são utilizados, e quando chega ao fim são atirados para fora das escolas.
Isto é tratar os professores como material descartável, não é tratá-los com respeito e valorização!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Mas, como se não bastasse, eis que o Ministro Crato vem recuperar uma prova
da professora Maria de Lurdes Rodrigues, anterior ministra da educação, e impor a humilhação a estes
milhares de professores. Isto é inaceitável! Esta prova é um embuste e deve ser abolida, porque é iníqua e
profundamente injusta. Este Governo está isolado também quanto a esta prova inaceitável.
O PCP já apresentou, pelo menos cinco vezes, propostas para a vinculação dos professores contratados
— pelo menos cinco vezes —, e cinco vezes o PS, o PSD e o CDS votaram contra as propostas do PCP.
O Sr. Deputado do CDS disse que o Governo está a resolver o problema. Está, está!… Está é a despedir
os professores! Porque a forma que este Governo tem para resolver o problema dos professores contratados é
despedir 30 000, dizendo que eles não fazem falta à escola. E por isso fez a reorganização curricular, por isso
constituiu os mega-agrupamentos, por isso aumentou o número de alunos por turma… Porque quer meter no
olho da rua estas pessoas que, ao longo dos anos, têm contribuído para a construção da escola pública de
qualidade.