17 DE JANEIRO DE 2014
11
referendo nunca se faria.» E é assim que descarregam a sua consciência, e é assim que se pode dizer que
esta proposta não passa de uma autêntica farsa.
De facto, aquilo que os proponentes fazem, como aqui já foi referido, é propor uma segunda pergunta, que
não incide sobre qualquer proposta legislativa apresentada. Além disso, propõem duas matérias para
referendo, mas, mais, duas matérias claramente distintas e nada conexas.
Portanto, Sr.as
e Srs. Deputados, não há ponta por onde se lhe pegue, do ponto de vista constitucional e do
ponto de vista legal.
Mas eu até já ouvi o Sr. Deputado Hugo Soares dizer: «Não senhor, estas matérias são amplamente
conexas»…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Ainda bem que ouviu bem!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … e eu tive uma grande preocupação quando o ouvi dizer isso.
Se o Sr. Deputado e os proponentes estão a olhar para a matéria do ponto de vista da criança, cometem um
extraordinário erro, porque não estão, de facto, a olhar para os interesses das crianças, mas a observar esta
matéria de um outro ponto de vista, uma vez que são matérias absolutamente distintas do ponto de vista da
criança. No caso da adoção, estamos a falar de crianças institucionalizadas; no caso da coadoção, estamos a
falar de crianças já inseridas numa família!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Mas estamos a falar de crianças!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Está a perceber, Sr. Deputado? São coisas completamente
distintas.
Aplausos de Os Verdes, do PCP, do BE e de Deputados do PS.
Os senhores não olham para as crianças, não.
A vossa preocupação não é o interesse da criança. Como a vossa preocupação política não é o interesse
da qualidade de vida dos portugueses, porque os senhores, se quisessem, de facto, ouvir a opinião dos
portugueses, tinham tanto referendo para fazer, Sr. Deputado! Sobre os cortes salariais, sobre os cortes nas
pensões, sobre os brutais aumentos de impostos e sobre todas as mentiras que disseram na campanha
eleitoral, e que, depois, fizeram exatamente o contrário, no decurso do vosso mandato.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Demagogia!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Não, Sr. Deputado, não venha fazer farsas para a Assembleia da
República, que a Assembleia da República tem coisas sérias para discutir.
Aplausos de Os Verdes, do PCP, do BE e de Deputados do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Lobo
d’Ávila.
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O CDS não propôs a
coadoção, nem é proponente do referendo sobre a coadoção.
Na primeira questão, a posição do CDS é conhecida: somos contra e, se for caso disso, votaremos em
conformidade.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — O que hoje está em discussão é a segunda matéria, a hipótese de
convocação de um referendo sobre a coadoção, mas também a adoção por casais do mesmo sexo.