I SÉRIE — NÚMERO 45
54
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Não, Sr. Deputado, está completamente errado! Peço desculpa, mas o senhor
tem de ver as urgências no contexto dos cuidados de saúde na Área Metropolitana e de todas as valências. Aí
é que está o erro do Governo! E o erro do Governo, somado aos cortes nos orçamentos, está a dar esta
desgraça nos serviços de urgência, que os senhores se recusam a ver, como está agora absolutamente
provado pelas suas palavras, Sr. Deputado.
Não pode ser, Sr. Deputado, tem de se pôr um travão nisto, e o travão é suspender-se. Vamos pensar, mas
vamos pensar como deve ser, não é encomendando estudos a empresas, que elaboram os estudos em 15
dias e pelos quais se pagam 90 000 €…
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — O que é que isso tem a ver com as urgências?
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Tem a ver! Tudo tem a ver, Sr. Deputado.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr.ª Deputada, queira concluir.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Concluo já, Sr. Presidente.
O problema é que tudo tem a ver, tudo está ligado, e que os senhores tudo fazem para destruir o Serviço
Nacional de Saúde.
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Os senhores misturam tudo para não dizer nada!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Mas não vai ser assim, Sr. Deputado. O Serviço Nacional de Saúde é uma
conquista maior do que tudo isso; será defendido e vai sobreviver, quer o PSD queira, quer não queira.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma segunda intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula
Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Para defender o Governo, o Sr. Deputado
Ricardo Baptista Leite ofende os utentes, os doentes. Esta é a realidade e foi isto que ouvimos neste debate.
Na sua intervenção, Sr. Deputado, não houve uma palavra sobre aquilo que os doentes estão hoje a
passar e sobre as suas dificuldades acrescidas em aceder aos cuidados de saúde.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Vou dar alguns exemplos. Numa visita ao Hospital Garcia da Orta, o
Conselho Distrital de Setúbal da Ordem dos Médicos constatou que a ausência prolongada de muitas
especialidades durante a noite, com necessidade de transferência dos doentes para Lisboa sem que a
necessária resposta de ambulâncias esteja à altura dos pedidos, torna os serviços ainda mais caóticos e com
dificuldades acrescidas, o que nem doentes nem familiares conseguem entender.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Está a ver?
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Mais grave ainda era a situação dos doentes de foro psiquiátrico no hospital
de Setúbal, que quando davam entrada sexta-feira após as 21 horas ficavam sem atendimento especializado
até segunda-feira, não iam para Lisboa.
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — E em 2009 e 2010? Não seja demagógica!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — É esta a solução que os Srs. Deputados aqui trouxeram!