I SÉRIE — NÚMERO 52
4
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Pelo PCP, está inscrito o Sr. Deputado António Filipe.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Este acórdão do Tribunal Constitucional
não surpreende.
Sempre tivemos a convicção — aliás, afirmámo-lo repetidamente — que esta proposta de referendo era
manifestamente inconstitucional. Mas dissemos mais: dissemos não apenas que a maioria PSD (neste caso)
deveria ter poupado o País a este espetáculo de instrumentalização do instituto referendário para impedir a
conclusão de um processo legislativo que deveria ter sido concluído na Assembleia da República, em sede
própria, mas também que o Sr. Presidente da República poderia ter poupado o Tribunal Constitucional a ter de
se pronunciar sobre esta questão se tivesse assumido que não convocaria o referendo. Não o fez, remeteu a
questão para o Tribunal Constitucional, que, como era mais do que previsível, considerou esta proposta
inconstitucional.
Portanto, a questão voltou ao ponto de onde nunca deveria ter saído.
A única coisa que a Assembleia da República tem a fazer neste momento é concluir o processo legislativo,
ao qual só falta a votação final global.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — Portanto, é a conclusão, sem mais delongas, desse processo legislativo
que se impõe no momento presente.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do Sr. Deputado Nuno Magalhães, do CDS-PP.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Como ontem dissemos, o
CDS, como de resto é habitual, respeita as decisões do Tribunal Constitucional e reafirma na Assembleia da
República que, nas atuais circunstâncias que Portugal e os portugueses atravessam, a nosso ver a coadoção
não é uma prioridade.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Esta decisão do Tribunal
Constitucional, em abono da verdade, não surpreendeu absolutamente ninguém, nem tão-pouco os
proponentes, como nós, de resto, tínhamos afirmado no debate, nem o Sr. Presidente da República.
Os proponentes sabiam que aquilo que estavam a propor era manifestamente inconstitucional e daí
decorre a má-fé com que apresentaram este projeto de realização de um referendo, onde misturaram,
nitidamente, duas realidades completamente distintas: a questão da adoção e a questão da coadoção.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Portanto, Sr.as
e Srs. Deputados, Os Verdes entendem que o
processo legislativo relativo à coadoção, que se encontra na Assembleia da República, deve continuar o seu
curso, deve vir a votação final global e o processo deve, assim, ser concluído.
Entendemos que os proponentes não devem encontrar mais manobras de diversão para tentarem chumbar
administrativamente aquilo que a Assembleia da República tem o dever de votar livremente e de estar atenta à
realidade portuguesa, aos problemas concretos dos portugueses, porque o nosso dever é o de os resolver.
Temos isso na mão, temos o dever na mão.