I SÉRIE — NÚMERO 52
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Vozes do PSD: — Ah!…
O Sr. Pedro Silva Pereira (PS): — Isso é um facto, e um facto positivo. Tal como é positivo — e também
ninguém o nega — que a economia portuguesa dê finalmente os primeiros sinais de que bateu no fundo e de
que começa, timidamente, a recuperar,…
Vozes do CDS-PP: — Ah!…
O Sr. Pedro Silva Pereira (PS): — … beneficiando de uma conjuntura externa menos desfavorável e do
travão às políticas de austeridade imposto pelo Tribunal Constitucional.
Que esses factos ocorram é positivo, ninguém o contesta. Afastemos, portanto, de uma vez por todas, essa
demagogia. Não nos dividimos entre os que se alegram com os bons resultados e os que se zangam com
eles, nem entre os que reconhecem o esforço dos portugueses e os que alegadamente o menosprezam. Essa
dicotomia primária é falsa e não é séria, sequer.
Aplausos do PS.
Apenas serve para alimentar despiques parlamentares vazios de sentido e de conteúdo.
O que está em causa é outra coisa: é saber se aproveitamos esta oportunidade para convergir numa leitura
realista da situação da economia portuguesa que reconheça os problemas e que não os disfarce; que crie
condições para novas respostas políticas e não que insista no erro desta política de uma nota só — a
obsessão pela austeridade, que provocou três anos de recessão, semeou a devastação na economia e nas
condições de vida dos portugueses e empurrou muitos milhares para o desemprego e para a emigração.
Aplausos do PS.
Porque uma coisa sabemos: uma economia que sofreu três anos de recessão não está agora melhor do
que estava; uma economia que tem 16% de desemprego não está agora melhor do que estava;…
O Sr. José Junqueiro (PS): — Muito bem!
O Sr. Pedro Silva Pereira (PS): — … uma economia que tem agora 130% de dívida pública não tem
contas públicas mais saudáveis do que tinha.
É um insulto à inteligência, ao sofrimento dos portugueses o desfile de ministros nas televisões festejando
não se sabe bem o quê.
Aproveitemos, portanto, esta oportunidade que o relatório do FMI concede para afastar a fantasia. Não se
insista na ilusão de um sucesso que ninguém vê e numa transformação estrutural da economia em que
ninguém verdadeiramente acredita. Porque só assumindo e enfrentando a realidade podemos discutir o
caminho do futuro.
E discutiremos também as propostas do FMI, que insistem numa receita que falhou e que também tem um
refrão conhecido: mais austeridade, mais 3 mil milhões de euros de austeridade em cima dos mesmos —
funcionários públicos e pensionistas. Esta é uma agenda que tem de ser abandonada.
Faz mal o Governo em rejeitar o diagnóstico e faz pior em abusar da receita. Melhor seria disponibilizar-se
para o que verdadeiramente interessa: reconhecer a realidade, corrigir os erros e mudar de rumo. Porque a
fantasia já não engana ninguém. O Carnaval está à porta mas a máscara já caiu.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados Miguel Frasquilho, do
PSD, Nuno Magalhães, do CDS-PP, Miguel Tiago, do PCP, e Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda.