21 DE FEVEREIRO DE 2014
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Presidente: — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Hugo Lopes Soares, pelo PSD.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Ao ouvir, hoje, a intervenção
dos Srs. Deputados que me antecederam fez-me parecer que estamos todos num debate diferente.
Protestos do PCP e de Os Verdes.
Os Srs. Deputados que me antecederam dizem todos que concordam com o acórdão do Tribunal
Constitucional. É engraçado que o digam, Sr.ª Presidente, numa matéria que é séria, porque, no passado, os
argumentos que utilizaram para invocar a inconstitucionalidade da proposta de referendo não são os mesmos
que o Tribunal Constitucional utiliza.
E, Sr.ª Presidente, das duas uma: ou os Srs. Deputados que me antecederam não leram o acórdão — e
isso é manifestamente imprudente —, ou os Srs. Deputados mudaram todos de opinião.
É que quem leu o acórdão sabe que é factual o que o Tribunal Constitucional diz: «Esta é uma matéria de
relevante interesse nacional. É uma matéria que divide a comunidade científica e é uma matéria que divide a
sociedade» — é o Tribunal Constitucional que o diz.
Diz também o Tribunal Constitucional que pode haver referendo sobre matérias que não estejam
pendentes na Assembleia da República sem que, para tal, haja iniciativa legislativa pendente.
Vozes do PSD: — Exatamente!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — É o Tribunal Constitucional que o diz neste acórdão, não sou eu.
O Tribunal Constitucional diz ainda outra coisa: que é uma única matéria, que a matéria é homogénea. Ora,
ouvimos agora os parlamentares da oposição dizerem precisamente o contrário.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Repito, pois, que de duas uma: ou não leram o acórdão ou querem
continuar a invocar inconstitucionalidades que o Tribunal Constitucional não identifica neste acórdão.
Aplausos do PSD.
Protestos do PCP e de Os Verdes.
Sr.ª Presidente, importa referir que o Tribunal Constitucional diz que a proposta de referendo é
inconstitucional por uma razão.
Vozes do PS: — Ah!…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Diz o Tribunal Constitucional que as duas perguntas podem confundir
os portugueses tratando-se de uma única matéria.
Pois nós queremos aqui dizer que não é esse o entendimento que temos do discernimento que cada
português tem sobre as matérias para que é chamado a votar, que respeitamos, evidentemente, a decisão do
Tribunal Constitucional e que, dentro do Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata, vamos estudá-la e,
depois, tomaremos a nossa decisão.
Não deixamos, porém, de registar duas coisas.
Em primeiro lugar, o tema, de facto, não é a grande prioridade política do País, mas foi introduzido pelo
Partido Socialista.