21 DE FEVEREIRO DE 2014
7
desprezar a vida destas famílias e destas crianças, que merecem a dignidade que VV. Ex.as
nunca tiveram em
toda esta manobra baixa.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, não havendo mais inscrições, passamos ao ponto seguinte dos
nossos trabalhos, inicialmente previsto para ser o primeiro ponto mas ao qual a matéria que tratámos se
sobrepôs.
Vamos, então, dar início às declarações políticas, que terão lugar pela seguinte ordem: PS, CDS-PP, PCP,
BE, Os Verdes e PSD.
Em primeiro lugar, para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Silva Pereira.
O Sr. Pedro Silva Pereira (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Ainda se viam no ar os
foguetes coloridos lançados pelo Governo para comemorar festivamente o apregoado sucesso do ajustamento
estrutural da economia portuguesa e já o relatório do FMI sobre a décima avaliação do Programa de
Assistência Financeira dava conta, publicamente, de que esse ajustamento estrutural não passa de uma
ilusão; é apenas um frágil castelo de areia, exposto à sorte de marés incontroláveis, mas erguido pelo Governo
e pela troica à custa dos sacrifícios dos portugueses e à custa do empobrecimento de Portugal.
Aplausos do PS.
As palavras do FMI são absolutamente claras. Dizem assim: «O ajustamento externo tem sido conseguido,
em larga parte, devido à compressão das importações de bens que não sejam combustíveis e, ultimamente,
ao crescimento das exportações de combustíveis. Esta dependência (…) arrisca enfraquecer os ganhos
conseguidos assim que as importações recuperarem de níveis anormalmente baixos e as unidades de
refinação eventualmente esgotem a sua capacidade extra, ao mesmo tempo que a melhoria na exportação de
serviços é vulnerável a choques na procura de turismo».
O que isto significa é simples, aliás muito simples para quem o queira entender: os resultados obtidos no
ajustamento externo, que mereceram tantos discursos e tantos elogios, não refletem, ao contrário do que se
diz, nenhuma reforma estrutural que tenha sido empreendida nos últimos anos — nenhuma reforma estrutural!
Aplausos do PS.
Traduzem, isso sim, a queda brutal da procura interna provocada pelo empobrecimento; uma situação
conjuntural mais favorável no sector do turismo; e, sobretudo, os efeitos da entrada em funcionamento de um
projeto lançado ainda no tempo do Governo socialista — a refinaria da Galp, em Sines.
Risos do PSD.
Os números são absolutamente claros: os combustíveis explicam quase 60% do aumento das exportações
de mercadorias — 60%, Srs. Deputados! Se não fossem os combustíveis, as exportações teriam crescido, no
último ano, não 4,7% mas apenas 2,2%; e, se excluirmos os combustíveis das exportações e das importações,
a balança comercial de mercadorias seria, afinal, negativa e não positiva.
A esta verdade inconveniente, reconhecida agora pelo FMI, e que frontalmente desmente a teoria do
milagre económico, respondeu o Governo incomodado e decidido a insistir no refrão da sua propaganda. Mas
nesta súbita divergência entre Governo e FMI é muito fácil perceber quem está e quem não está em
campanha eleitoral.
Aplausos do PS.
Houve — ninguém o nega — uma resposta positiva das empresas portuguesas, que, enfrentando um
contexto adverso, reforçaram em vários setores a sua aposta nos bens transacionáveis.