I SÉRIE — NÚMERO 57
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Por isso, é tão importante lutar contra o retrocesso a que estamos a assistir, construindo um novo rumo
para a educação em Portugal. É esse o compromisso que o Partido Socialista aqui assume: construir um novo
rumo para a educação em Portugal. Neste sentido, queria partilhar sete linhas fortes desse novo rumo.
Em primeiro lugar, uma sólida formação de base, cultural e científica é fundamental para a democratização
e para a participação de cada um nas sociedades do século XXI. Precisamos de elevar o nível educacional
dos portugueses, concretizando a escolaridade obrigatória até aos 18 anos — é um compromisso que
assumimos.
As escolas acolhem, hoje, alunos muito diferentes e estão localizadas em regiões com características muito
diferentes. No entanto, há uma excessiva uniformidade do ponto de vista organizativo e pedagógico, fruto, em
grande medida, de um controlo burocrático, centralista e regimental. Assumimos, pois, que garantiremos a
liberdade e a autonomia, permitindo a construção de escolas diferentes, fortemente baseadas em práticas de
colaboração e de cooperação entre os professores e com uma forte ligação em rede à sociedade.
Temos também um problema de coordenação entre as diversas entidades responsáveis pelas ofertas
formativas. Nós assumimos que faremos uma forte coordenação em rede e, sobretudo, promoveremos uma
cooperação local entre as diversas entidades, públicas e privadas.
Sabemos que a educação permanente é um direito de todos os cidadãos, consagrado na Constituição, e
que é uma necessidade vital das sociedades e das economias contemporâneas — asseguraremos esse
direito.
A valorização dos professores é fundamental, mas não é possível defender o prestígio ou a autoridade dos
professores e, simultaneamente, generalizar na praça pública acusações de mediocridade e de
irresponsabilidade.
Os problemas não se resolvem através de imposições administrativas ou burocráticas, mas, sim, como nas
outras profissões, ou seja, num quadro de partilha, de responsabilidade interpares e de colegialidade — é isso
que faremos.
Também o ensino superior fez progressos notáveis nas últimas décadas, mas há duas prioridades que
assumimos: a prioridade de reorganizar a rede do ensino superior, através de uma reflexão das próprias
instituições, conduzindo as propostas de agregação com distintas vocações e modalidades de organização; e
o compromisso de que iremos concretizar uma verdadeira autonomia das instituições, no que diz respeito à
carreira docente, à colaboração com empresas e com entidades diversas e à importante renovação geracional
do corpo docente.
Aplausos do PS.
Nas últimas décadas, Portugal construiu um sistema científico moderno e inovador. É inaceitável que os
investimentos feitos sejam desperdiçados por políticas medíocres que, sob a roupagem da excelência, estão a
destruir o trabalho realizado.
A liberdade científica está a ser posta em causa pela governamentalização da ciência e por uma infindável
burocracia. Se continuarmos a funcionar assim, corremos o risco de contribuir mais para o orçamento europeu
da ciência do que aquilo que dela receberemos e, assim, agravaremos o fosso que nos separa dos países
mais desenvolvidos.
Finalmente, refiro o seguinte: a descentralização do ensino é uma necessidade inadiável, em ligação com
as regiões e com as autarquias locais. É fundamental aproximar as escolas dos territórios em que estão
inseridas — comprometemo-nos a fazê-lo.
Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, pedindo desculpa por me ter alongado um pouco mais, termino como
comecei: as opções que aqui delineei são fruto de muito trabalho e de muitos contributos. Não são propostas
fechadas. Continuaremos a debater e a aprofundar estas e outras ideias. Nós representamos outra forma de
fazer política. Fazemos política com as pessoas. Portugal vai sair da crise, porque os portugueses não se
deixarão tolher pelo mau governo.
Um Novo Rumo para Portugal é um desafio para todos nós. Um desafio que, estou certo, vamos vencer.
Aplausos do PS.