7 DE MARÇO DE 2014
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com a dimensão humana que tem em termos dos participantes que nela tomam parte. Portanto, quanto a isso,
nada tenho a objetar. Aliás, estou convencida de que o Ministério da Saúde, no âmbito do acompanhamento
das medidas que vai implementando, vai tendo capacidade de as monitorizar.
Quanto aos ensaios clínicos, a lei não só dá uma resposta à indústria farmacêutica como contém capítulos
específicos para os investigadores que nela estão também considerados.
Mais: há uma dimensão, também importante, da investigação em saúde, designadamente a que é levada a
cabo noutras áreas e que não tem de estar forçosamente na parte dos ensaios clínicos. Os ensaios clínicos
são ainda uma dimensão da saúde, da investigação e do conhecimento. Se eu tiver medicamentos por testar e
não os puder aplicar às pessoas que deles necessitam em cada momento, não tenho um contributo sério dado
pela investigação a favor da sociedade, a favor das pessoas.
Quanto à desproteção, designadamente a eliminação do seguro e do consentimento informado, estamos a
falar apenas daqueles atos de investigação que não têm qualquer intervenção. Aprovar uma cama ortopédica
não precisa do consentimento de ninguém;…
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — … aprovar uma cadeira para banho não precisa do
consentimento de ninguém. Portanto, vamos dar às coisas a dimensão que elas têm.
Aplausos do PSD.
Sr.ª Presidente, se me permitir, relativamente à proteção dos menores, e respondendo à Sr.ª Deputada
Teresa Caeiro, queria dizer que as pessoas são a nossa grande preocupação, aliás, transversal a todos os
partidos. Por regra, os participantes maiores incapazes de prestarem o consentimento e os menores em
situação de acolhimento não participarão em ensaios clínicos. Só participarão quando da não participação
resultar para eles um prejuízo maior; de outro modo, estariam a ser duplamente excluídos pela sociedade.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Maria Antónia Almeida
Santos.
A Sr.ª Maria Antónia Almeida Santos (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Conceição Bessa Ruão,
queria começar por saudá-la pela sua coragem em trazer este tema a esta Câmara, numa altura em que
assistimos a cortes nunca antes vistos na área da investigação científica e na área da qualificação científica no
que diz respeito a centros de investigação, a bolsas…
Aplausos do PS.
Sinceramente, Sr.ª Deputada, fiquei um pouco perplexa porque, se a acompanho na parte da sua
intervenção que diz respeito à lei da investigação clínica e se posso considerar que a lei é um bom instrumento
legislativo para começarmos a trabalhar — como a Sr.ª Deputada disse, e bem, teremos, depois, de avaliá-la
—, não consigo compreender que sentido teve a sua intervenção numa altura em que a área científica, do
conhecimento e da investigação em Portugal está a sofrer um dos maiores retrocessos a nível de qualificação
e de futuro.
A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — Exatamente!
A Sr.ª Maria Antónia Almeida Santos (PS): — Não só sou eu que o digo. É uma evidência.
A Sr.ª Deputada saudou, e bem, o IPATIMUP pelo trabalho e pelo mérito reconhecidos mundialmente. Ora,
o Professor Sobrinho Simões, que é um cientista reputado e dos mais conhecidos no mundo, numa entrevista
deu, fez uma afirmação que, no mínimo, nos coloca numa situação muito preocupante. Sei que a Sr.ª