I SÉRIE — NÚMERO 58
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No momento que vivemos, em que, de facto, é preciso concentrar as forças no investimento e no
empreendedorismo, cabe ao Estado dar o exemplo e ser também o motor de atração e de simplificação da
vida das empresas.
Urge, assim, na nossa perspetiva, chamar ao processo a Assembleia da República, os governos e as
autarquias locais. Entendemos que é necessária a adoção de um programa global de simplificação e
modernização que promova uma governação integrada e aberta à participação dos cidadãos: o programa
SIMPLIFICAR. Trata-se de um programa global de redução da burocracia, com a ambição de reunir todas as
condições e um amplo consenso político.
Recomendamos ao Governo, pois, que identifique quais os procedimentos administrativos que são
entraves burocráticos, que assegure a intervenção de todos os ministérios, que continue, promova e
acompanhe os projetos SIMPLEX aprovados pelos diversos organismos da Administração Pública e pelas
autarquias locais, que simplifique os procedimentos administrativos e que aprove também uma linha do
cidadão acessível a todos, facilmente memorizável, para que o cidadão possa interagir facilmente com a
Administração Pública.
O PSD e o CDS apresentaram um projeto de resolução, tal como o Partido Socialista. Ora, o Sr. Deputado
José Magalhães falou de uma pomba que pousou sobre a cabeça da República. Na verdade, Sr. Deputado,
não vemos nenhuma pomba, foi uma imagem que o Sr. Deputado criou.
Por isso, permita-me que também crie outra imagem. Na verdade, a pomba caiu sobre o PS e sobre o
projeto de resolução do PS, e vou explicar-lhe porquê. Porque, antes de existir o projeto de resolução do PS,
houve um mal-afamado, designado de inútil e muito criticado guião da reforma do Estado.
E o que verificamos? Verificamos que o projeto de resolução do Partido Socialista, no âmbito da
simplificação administrativa, não cita porque não põe entre aspas, mas copia ipsis verbis, palavra a palavra,
linha a linha, aquilo que está previsto na parte referente à modernização administrativa, no tal mal-afamado,
muito criticado e quase dito de inútil guião da reforma do Estado.
Sr. Deputado, sugeria que fizéssemos um exercício, embora seja complicado de fazer aqui, porque tinha de
ter dois interlocutores, talvez eu e o Sr. Deputado, se assim se despusesse a isso. Mas confiará em mim e
poderá verificar mais tarde que, por exemplo, na página 110 do guião da reforma do Estado, o segundo
parágrafo é exatamente igual, ipsis verbis, letra a letra, palavra a palavra, ao ponto 2, alínea b) do projeto de
resolução do Partido Socialista.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — E também está com letra tamanho 14 e a negrito!
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Nessa mesma página, do tal mal-afamado guião da reforma do Estado,
verificará que no projeto de resolução do Partido Socialista, o ponto 2, alínea c), é exatamente igual, palavra
por palavra, letra por letra, ao guião da reforma do Estado.
Sr. Deputado, na página 111 do tal mal-afamado guião da reforma do Estado, verificará também que o
primeiro ponto é exatamente igual ao ponto 2, alínea d) do projeto de resolução do Partido Socialista. Não
estamos a falar dos conceitos e do conteúdo, estamos a falar da linguagem, das palavras, da letra.
Posto isto, Sr. Deputado, a pomba, de facto, caiu sobre todos nós, caiu sobre o projeto de resolução do
Partido Socialista, terá caído sobre o guião da reforma do Estado e caiu, sem dúvida, sobre o projeto de
resolução da maioria.
Assim, estamos em condições de fazer o seguinte: ou baixar à comissão, sem votação, os projetos de
resolução e chegarmos a um texto único, o que, digo-lhe já, é um exercício completamente facilitado porque o
texto, como acabei de provar, é exatamente igual na maior parte dos aspetos, ou, então, caso não haja acordo
para os dois diplomas baixarem à comissão, sem votação, votaremos com todo o gosto, boa vontade e muita
felicidade o projeto de resolução do Partido Socialista, já que ele é exatamente igual ao guião da reforma do
Estado e ao projeto de resolução do Partido Social Democrata.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. José Magalhães (PS): — Sr.ª Presidente, peço a palavra.