I SÉRIE — NÚMERO 58
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economia e da demografia, percebemos claramente que vamos ter cada vez menos trabalhadores ativos para
mais pensionistas que receberão a sua pensão durante mais anos.
Protestos do PCP e do BE.
Considerando que o que está em causa é a preservação e a sustentabilidade dos sistemas públicos de
pensões, considerando que esta é uma meta que muitos países perseguem e para a qual têm realizado
reformas, e considerando que o diploma aprovado é moderado não só na progressão do aumento da idade da
reforma face à evolução da esperança média de vida como também devido à existência de algumas cláusulas
de exceção ou salvaguarda, o Grupo Parlamentar do PSD assume as suas responsabilidades face aos
imensos desafios que o País e os portugueses enfrentam.
Outros poderão seguir o caminho mais fácil, da ilusão e da demagogia. Nós optámos pelo caminho do
rigor, da verdade e de um futuro com garantias sustentáveis para todas as gerações.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Não nos enganemos quanto ao
que está verdadeiramente em causa neste debate. Nós não estamos aqui hoje a discutir reforma alguma;
estamos, sim, a discutir um mero expediente.
E se muitos questionam o facto de o Governo não ter apresentado nenhum estudo que fundamente as
suas opções, a introdução ao Decreto-Lei que discutimos hoje explica porque é que, realmente, o Governo
não fundamenta estas opções que discutimos hoje.
É muito claro. Diz-se no Decreto-Lei o seguinte: «A necessidade de contenção da despesa pública com
caráter de definitividade obriga à redução da despesa no setor da segurança social, o que impõe a introdução
de algumas alterações no âmbito do regime jurídico das pensões de invalidez e velhice do regime geral da
segurança social».
Ou seja, tratamos aqui, pura e simplesmente, de cortar nas pensões. Por isso, a única razão e
preocupação do Governo com estas alterações ao regime jurídico é mesmo isso, e só isso: cortar nas
pensões. E para o Governo tem sido muito fácil — o PS diria até demasiado fácil — cortar pensões.
Com este Decreto-Lei, mais uma vez o raciocínio do Governo é só um: o Governo assumiu com a troica, de
forma unilateral (portanto, sozinho), o compromisso de cortar 300, 400 milhões de euros. Assim sendo,
pensou: «Vamos lá ver o que precisamos de alterar no cálculo das pensões para atingirmos este valor». Por
isso, mexe no fator de sustentabilidade de forma completamente arbitrária e artificial e, por isso, aumentou a
idade de reforma da forma como aumentou. Tudo isto, Sr.as
e Srs. Deputados, sem diálogo social, sem
concertação social e, naturalmente, sem qualquer estudo que fundamente estas opções.
Ora, Sr.as
e Srs. Deputados e Srs. Membros do Governo — e convém que não enganemos as pessoas e os
portugueses —, nada disto tem a ver com a sustentabilidade da segurança social. Se olharmos para o relatório
que o Governo apresentou, tem apenas a ver com cortes.
Protestos do PSD.
É esse o meu ponto!
Protestos do PSD.
Isto não tem a ver com sustentabilidade, tem a ver com cortes! E eu explico porquê, Srs. Deputados.
Se se recordarem do Orçamento do Estado para 2014, que a maioria e o Governo apresentaram a esta
Assembleia — portanto, um documento da vossa responsabilidade —, e se forem ver um gráfico que fala da
evolução da despesa com pensões em percentagem do PIB, Portugal tem a estimativa mais baixa quanto ao