I SÉRIE — NÚMERO 66
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A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: As alterações climáticas, os
invernos rigorosos, o assoreamento das barras e o desassoreamento das praias, as exigências ambientais,
assim como outros fenómenos naturais ou surgidos em consequência da ação humana, alteram
profundamente as condições para o exercício da faina. É imperativo que o principal mecanismo de proteção
destes trabalhadores acompanhe a realidade de hoje, a realidade da sua atividade.
O Bloco de Esquerda apresenta um projeto de lei que vai no sentido de facilitar o acesso ao Fundo de
Compensação Salarial dos Profissionais da Pesca.
Assim, propomos:
Em primeiro lugar, que seja garantido o acesso ao Fundo a todos os trabalhadores que exercem atividades
relacionadas com a pesca, a apanha ou a produção de espécies marinhas em regime de exclusividade;
Em segundo lugar, que seja ampliado o âmbito de aplicação do Fundo em caso de acidentes ambientais,
exercícios militares e realização de eventos náuticos de caráter desportivo ou lúdico que impeçam o exercício
da faina;
Em terceiro lugar, que seja reduzido o prazo de garantia necessário para ativar o Fundo;
Em quarto lugar, que a compensação salarial seja garantida a partir do segundo dia e durante todo o tempo
da paragem da atividade;
Em quinto lugar, que o pagamento não dependa apenas das disponibilidades orçamentais do Fundo, mas
que possa ser assegurado, em caso de insuficiência deste mesmo Fundo, por transferência do Orçamento do
Estado;
Em sexto lugar, que, em caso de intempérie, de mau estado do mar, as associações representativas do
setor possam atestar a impossibilidade do exercício da atividade, sendo esta posteriormente confirmada pelas
autoridades marítimas competentes.
É este o sentido do projeto de lei que trazemos hoje, certos de que, com este diploma, estamos a contribuir
para minorar as grandes dificuldades de todos os profissionais da pesca.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Fica, assim, apresentado o projeto de lei do Bloco de Esquerda.
Inscreveram-se, para intervir, os Srs. Deputados João Paulo Viegas, pelo CDS-PP, Jorge Fão, pelo PS, e
Ulisses Pereira, pelo PSD.
Tem a palavra o Sr. Deputado João Paulo Viegas para uma intervenção.
O Sr. João Paulo Viegas (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Como todos sabemos, a
atividade das pescas é uma atividade à qual uma parte significativa da população portuguesa se dedica. Como
atividade histórica das nossas tradições marítimas, devemos respeitá-la, promovê-la e modernizá-la no sentido
de podermos ser competitivos em segurança.
A pesca, enquanto atividade económica, deve levar quem decide a fazer uma série de ponderações. As
atividades do mar, para que possam ser seguras do ponto de vista dos trabalhadores e do ambiente, têm de
respeitar o desenvolvimento das espécies e as condições climatéricas a enfrentar.
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Paulo Viegas (CDS-PP): — Sabendo nós disto, fomos levados, ao longo dos anos, a mobilizar-
nos no sentido de promover tais proteções. Do ponto de vista dos trabalhadores, garantiu-se a existência de
um Fundo de Compensação Salarial dos Profissionais da Pesca.
O Fundo em causa, e para garantir que os profissionais não correm riscos exagerados, permite que, em
casos de intempérie e de necessidade de permanecer em terra, os profissionais tenham uma garantia.
Os projetos de lei que hoje analisamos estão diretamente relacionados com isto.
O PCP diz que o Fundo pode ser, e cito: «(…) a resposta adequada, se devidamente reformulado no seu
âmbito, condições e critérios de aplicação (…)».