I SÉRIE — NÚMERO 70
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negociação tem de ser clara e deve ser feita por um novo governo com legitimidade democrática». Foi isso
que o Sr. Deputado António José Seguro defendeu.
E pode mostrar aquilo que quiser. Mais do que aquilo que está dito, Srs. Deputados, é a evidência! Mesmo
que os senhores não assumissem a inevitabilidade de um segundo resgate, como fizeram em julho de 2013,
mesmo que não o tivessem feito, Srs. Deputados, aquele que é o vosso comportamento político, aquelas que
são as vossas ações, aquelas que são as vossas omissões é verdadeiramente oferecer ao País, como
alternativa, um segundo resgate.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, não é preciso andar muito
atento em Portugal para saber que o Governo tem feito tudo o que está ao seu alcance para impedir qualquer
cenário envolvendo a renegociação do Programa que implique mais financiamento e, portanto, que um
segundo programa tenha de ocorrer.
Tudo o que o Governo fez desde que tomou posse foi dirigido à necessidade de nos mantermos dentro
daquele envelope financeiro que foi negociado pelo Partido Socialista quando pediu a ajuda externa, de modo
a evitar que um segundo programa acontecesse em Portugal.
É de tal maneira que a grande divergência, que parece ser insanável, do líder do Partido Socialista é essa.
É dizer: «O Governo não quis aproveitar o apoio do Partido Socialista para fazer a renegociação do nosso
Programa logo em 2011.» É isto que o líder do Partido Socialista diz.
A renegociação desse Programa, implicando a revisão do teto do financiamento, era um segundo
programa…
Protestos do PS.
… e, portanto, era exatamente aquilo que aconteceu à Grécia.
O Sr. António José Seguro (PS): — É falso!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É por isso que, hoje, podemos dizer, Sr. Deputado, que o caminho que o
Partido Socialista defendia desde o início conduziria inevitavelmente a um segundo programa em Portugal.
Protestos do PS.
Mas é muito importante recordar, como, de resto, o Sr. Deputado Luís Montenegro fez, que, sem correr
esse risco, este Governo conseguiu aumentar as maturidades dos empréstimos europeus e reduzir a taxa de
juro desses empréstimos. E conseguiu fazer isto sem criar qualquer perturbação no mercado, sem implicar
qualquer desconfiança nos investidores que afetasse a nossa taxa de juro e, portanto, que prejudicasse a
conclusão do nosso Programa de Assistência Económica e Financeira.
Isso nós fizemos — diz o Sr. Deputado Luís Montenegro, e muito bem.
Relativamente ao Fundo Monetário Internacional, todos sabem — é estatutário — que não é possível
alongar maturidades nem reduzir juros no Fundo Monetário Internacional. É assim, é estatutário — e não é só
para Portugal, é para todo o mundo.
Relativamente aos empréstimos europeus, nós alongámos as maturidades, de resto num processo
negocial exigente, que já foi reconhecido pelo Governo irlandês, que se associou a nós, que liderámos esse
processo. Isso foi dito publicamente por membros do Governo irlandês. Portugal liderou a discussão sobre o
alongamento das maturidades dos empréstimos europeus. E, por essa razão, conseguimos arranjar espaço,
que o Partido Socialista não tinha deixado na negociação que fez do pacote de ajuda europeu, para fazer
novas emissões a longo prazo, de tal maneira que isso nos permitisse regressar a financiamento regular de
mercado.