11 DE ABRIL DE 2014
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O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Ribeiro e Castro, não pensava começar a
responder-lhe assim, mas tenho de responder: a última parte da sua pergunta é verdadeiramente aviltante e
mostra bem a ideia que tem e a menoridade com que se posiciona perante o sentido de ser europeu.
Martin Schulz é europeu; também é alemão, mas é europeu! Prefiro um europeu social-democrata, com
sensibilidade social, do que um português que tenha uma visão contrária e que patrocine aquilo que o nosso
Presidente patrocinou nesta segunda parte do seu mandato.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Deputado Ribeiro e Castro chegou tarde a este debate; chegou hoje a este debate e chegou tarde.
Aliás, o CDS tem estado escondido do debate europeu, não se ouviu até hoje uma ideia ou uma proposta,
tornou-se um partido branco, um «produto branco», um partido sem projeto, um partido que tudo faz apenas
para se aguentar agarrado ao poder. Uma muleta! Os senhores são hoje, unicamente, uma muleta do poder!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Schulz ueber alle!
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Quero dizer-lhe que isso vos fica mal e fica mal, sobretudo, por serem um
partido herdeiro de uma tradição, que é a tradição democrata-cristã, uma das tradições mais importantes na
formação da Europa em que vivemos. Mas vocês, hoje, são um partido desvitalizado, um partido camaleão,
um partido que pensa em não aparecer, que quer estar no poder como não estando no poder.
A verdade, Sr. Deputado, é que os senhores também são responsáveis pelos cortes, os senhores também
são responsáveis pelo facto de, hoje mesmo, 165 000 pensionistas portugueses, os tais pensionistas de que
se diziam ser o partido, terem recebido menos dinheiro e terem sido objeto de um corte cego, de um corte sem
sensibilidade, feito pelo Governo a que os senhores pertencem. Os senhores fazem parte e são cúmplices de
uma agenda escondida para a pobreza em Portugal.
Quanto às taxas de juro, Sr. Deputado, quero dizer-lhe que, certamente, o senhor não segue os mapas das
agências internacionais, porque Portugal segue a tendência de todos esses países, sendo que segue essa
tendência com duas agravantes: tem, por um lado, uma pobreza muito maior e um salário mínimo
incomparavelmente mais baixo do que França, por exemplo, que o senhor citou — e fiquei hoje chocado por
ouvir aqui o presidente dos TSD a defender uma estratégia de baixo salário mínimo, de competitividade por
baixos salários, porque é estranho que um sindicalista defenda isso aqui, neste sítio — …
Aplausos do PS.
… e, por outro, tem uma «almofada» que os senhores fizeram. Se calhar, tinham de a fazer, mas deixe-me
dizer-lhe que os mercados sabem que os senhores fizeram essa «almofada», que ela dá para pagar os juros
nos próximos tempos e, portanto, para os mercados não há risco, mas para os portugueses há: pagamos 2
milhões de euros, por dia, de juros, por causa da «almofada» que os senhores fizeram.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Peço a todos os oradores, sem querer prejudicar os próximos, para se conterem
dentro dos limites regimentais de tempo.
Tem a palavra o Sr. Deputado António Rodrigues.
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Carlos Zorrinho, a sua intervenção não
me espantou: estamos a aproximar-nos das eleições europeias e era preciso começar a fazer campanha
eleitoral.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!