O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 72

20

Europa neoliberal e conservadora, a Europa da troica, a Europa do pacto orçamental sem pacto de

crescimento.

Ora, o que se vai decidir no dia 25 de maio é se teremos uma Europa da tradição democrata, social-

democrata, da esquerda moderada, da construção da Europa também pelos democratas-cristãos, para ser

justo, ou se teremos a Europa dos arrivistas neoliberais, que nos últimos 10 anos tomaram conta do processo

de construção europeia.

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Com a vossa ajuda!

O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Essa é a questão fundamental.

Dois anos depois da aprovação do tratado orçamental, vir apresentar um referendo é não apenas fazer

uma proposta que é liminarmente inconstitucional, como é também fazer uma proposta que é irresponsável.

Sr.a Deputada, o Bloco de Esquerda tem de ser muito claro com os portugueses. Uma coisa é dizermos,

como nós, que não estamos satisfeitos com o funcionamento da zona euro e que, portanto, queremos estar

dentro da zona euro e ter voz na sua construção — não desistimos, como faz a direita, de ter voz na

construção da zona euro. Outra coisa é, de forma indireta, dizerem que querem sair da zona euro. É que o

chumbo do tratado orçamental significaria a imediata saída da zona euro!

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Onde é que isso está escrito?!

O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Então, é preciso dizer que há, neste Hemiciclo, um partido, o Partido

Socialista, que defende que, na Europa do futuro, Portugal e os portugueses devem ter estabilidade nos

rendimentos, capacidade de criar riqueza, capacidade de competir, capacidade de ter mais empregos. E há

duas alas deste Parlamento que defendem duas formas diferentes de empobrecer Portugal: uns, com a

austeridade em cima da austeridade; outros, com uma saída do euro, que todos sabem que significa uma

desvalorização imediata de 30% a 40% dos nossos ativos.

Empobrecer? Não! Só há um caminho, que é o caminho de, dentro da Europa, com os mecanismos e as

ferramentas da construção da União Europeia, com força e com convicção, recuperarmos a Europa social-

democrata, a Europa solidária, a Europa justa, pela qual nos batemos e se bateram os nossos antepassados

políticos.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Nem a sua bancada convence!

A Sr.ª Presidente: — O último pedido de esclarecimento ao Sr. Deputado Carlos Zorrinho vai ser formulado

pela Sr.a Deputada Paula Baptista, a quem dou a palavra.

A Sr.ª Paula Baptista (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Carlos Zorrinho, em relação a

desigualdades, embora se tenham acelerado nestes últimos três anos, a verdade é que essa aceleração é

feita também, em parte, pelos partidos do arco da dívida.

O agravamento destas desigualdades económicas e sociais são também elas forjadas por décadas de

política do PS, do PSD e do CDS.

Vozes do PCP: — Exatamente!

A Sr.ª Paula Baptista (PCP): — Srs. Deputados, temos mais dívida, mais precariedade, mais pobreza,

menos apoios sociais, 1,5 milhões de desempregados, decréscimo nas exportações de elevado conteúdo

tecnológico, o desmantelamento do sistema científico e tecnológico português, sabendo a sua importância, o

desenvolvimento económico e soberano do País.

Pergunto, Sr. Deputado: como é que o PS pretende pôr fim ao agravamento das vidas dos portugueses e

dos cortes que sucessivamente lhes vão sendo impostos e apresentar um projeto de desenvolvimento e