11 DE ABRIL DE 2014
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campanha eleitoral. Então, bem-vindos à campanha eleitoral! Façam os senhores campanha eleitoral, porque
o que era preciso era terem, na Europa, essa voz que só têm aqui, para atacar o PS.
Se tivessem essa capacidade de ter posições, nos momentos certos, na Europa, certamente os
portugueses e as portuguesas estariam melhor. Aliás, os senhores sabem bem que, no Banco Central
Europeu, foi preciso um social-democrata ter uma posição clara, firme e séria para os juros terem baixado em
toda a Europa. E agora, quando houver uma nova maioria social-democrata na União Europeia, pode ter a
certeza de que a vida será melhor para todos os portugueses e para todos os europeus. O senhor pode ter a
certeza de que isso acontecerá!
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Assim será!…
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Mas quero dizer-lhe uma coisa, Sr. Deputado, quanto à posição do PS
sobre a dívida pública. É que já ninguém tem dúvidas sobre a posição do PS — só o Sr. Deputado é que
parece ter dúvidas — mas, em contrapartida, infelizmente, também já ninguém tem dúvidas sobre a posição
do PSD e do CDS em relação aos cortes que eram provisórios, porque, hoje, já todos percebemos que os
vossos cortes provisórios são definitivos.
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Qual é a posição do PS?
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Hoje mesmo, milhares de portugueses sentiram cortes no seu rendimento,
cortes que não são provisórios, cortes que são definitivos, porque os senhores não aprenderam com a
experiência e, por isso, não estão dispostos a abandonar o caminho de austeridade que têm vindo a percorrer.
Eu disse, da tribuna, que os senhores tinham tido falta de comparência na defesa dos interesses
portugueses, em termos europeus. Queria agora lembrar-lhe essa falta de comparência.
Quando quisemos mais tempo para pagar a dívida, o Sr. Primeiro-Ministro foi contra. Só mais à frente, à
boleia da Grécia e da Irlanda, é que aceitou algo que foi bom para o País!
Quando se falou em mutualização da dívida, quando o grupo de sábios que aconselha a Sr.ª Merkel
aconselhou a mutualização da dívida, Pedro Passos Coelho foi contra!
Quando se falou em tratado para o crescimento e o emprego, Passos Coelho esteve contra!
Quando os países do sul se reuniram para terem uma estratégia conjunta, Passos Coelho tomou o avião,
mas não foi para Roma, foi para Berlim, reunir com a senhora Merkel!
Por isso, os senhores têm uma única agenda: a agenda do país hegemónico, não a agenda da defesa de
Portugal e dos portugueses.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — O próximo pedido de esclarecimentos vai ser formulado pelo Sr. Deputado José Luís
Ferreira, de Os Verdes.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Carlos Zorrinho, traz a discussão
um tema importante, que é a construção europeia. De facto, temos cada vez mais a Europa dos mercados e
cada vez menos a Europa das pessoas, dos cidadãos; temos uma Europa que retirou do seu vocabulário
conceitos como os de solidariedade ou de justiça social; temos uma Europa que continua a alargar o fosso
entre países ricos e países pobres, entre cidadãos ricos e cidadãos pobres; temos uma Europa cada vez mais
reduzida a um instrumento do neoliberalismo; temos uma Europa que continua a levar-nos a nossa soberania,
agora também a nossa soberania orçamental.
Estamos de acordo, Sr. Deputado Carlos Zorrinho, que o País, hoje, está pior, que os portugueses estão
mais pobres e que estas eleições também servem para penalizar os responsáveis por esta situação.