19 DE ABRIL DE 2014
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O Sr. Renato Sampaio (PS): — Por isso, Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, faz todo o sentido
criarmos um programa específico de regeneração urbana, à semelhança de outros que já foram criados para
outros espaços urbanos, em colaboração, obviamente, com a autarquia, com a Câmara Municipal do Porto,
para podermos alocar fundos comunitários e, no Porto, termos uma verdadeira política de regeneração urbana
e coesão social, tão importante nos dias de hoje.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Otília Ferreira
Gomes.
A Sr.ª Otília Ferreira Gomes (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: As cidades não são
meras concentrações de habitantes e atividades, mas uma convergência de fluxos, comunidades, redes e
intercâmbios, com identidade, valores e cultura próprios, que impulsionam uma evolução acelerada dos
desafios de planeamento, de desenvolvimento social e humano, de responsabilidade da governação nacional
e local.
O projeto de resolução que hoje aqui apresentamos, de âmbito e abrangência nacional, e que recomenda
ao Governo que garanta as medidas necessárias, nomeadamente financeiras, destinadas a incentivar a
regeneração urbana, contribuindo ainda para eliminar as áreas degradadas e reduzir de forma significativa
situações de precariedade habitacional, garantindo assim o correto desenvolvimento urbano, parte de um
diagnóstico comum aos demais projetos que hoje estamos aqui a discutir, mas não pode ser desligado da
recente proposta de lei da política dos solos, ordenamento do território e urbanismo, aprovada por esta
Câmara, e que, ao contrário do que seria de prever, nomeadamente por força das iniciativas e projetos de
resolução que aqui foram apresentados pouco tempo depois pelo Partido Socialista e pelo Bloco de Esquerda,
não obteve os votos favoráveis daquelas bancadas.
Foi com grande preocupação que se assistiu ao alheamento do Partido Socialista neste processo, com a
não entrega, em especialidade, de qualquer proposta de alteração àquele importante diploma. As contradições
são por demais evidentes, quando o que negaram ontem é defendido hoje e o que diziam ontem contradizem
no dia seguinte.
Com aquele diploma, pretendeu-se reduzir a expansão urbana e apostar definitivamente na reabilitação e
regeneração urbanas, em benefício do desenvolvimento social e económico da vida das pessoas e das
comunidades, dando-se aos municípios e aos particulares mecanismos que lhes permitam regular o mercado
do solo e afetar as receitas à reabilitação urbana.
Um problema concretamente identificado, como o das ilhas do Porto, na Área Metropolitana do Porto, os
pátios e as vilas operárias, em Lisboa, urbanizações inacabadas que foram ocupadas, parques de campismo
que se transformaram em primeira habitação e alguns bairros clandestinos, torna necessária uma intervenção
sustentada, específica, em conjunto com as populações visadas.
Assim, com este projeto, procura dar-se continuidade à opção política deste Governo e desta maioria
quando na proposta de lei dos solos foram definidas as bases da reorganização dos instrumentos de gestão
territorial e de política pública dos solos que permita a sua execução e, sobretudo, se priorizou a promoção da
reabilitação urbana, apostando em urbes com sistemas coerentes e bairros vividos.
Como exemplo prático e incontestável da coerência das iniciativas, que decorreu, aliás, do
aperfeiçoamento proposto em sede de especialidade, destaca-se a recuperação da constituição de um fundo
municipal de sustentabilidade ambiental e urbanismo, que, apesar de se encontrar já previsto na legislação
anterior, era facultativo, sendo agora obrigatório, e serão afetas nomeadamente receitas resultantes da
redistribuição de mais-valias, com vista à promoção da reabilitação e do desenvolvimento urbano.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Otília Ferreira Gomes (CDS-PP): — É certo que o desafio da reabilitação urbana e do investimento
no desenvolvimento social e urbano sustentável carecem de diversas medidas complementares, medidas