19 DE ABRIL DE 2014
33
Mas, Sr. Deputado, progredimos, porque, no vosso projeto de lei, o Sr. Deputado referia, de maneira
redonda, que o PS tinha imposto inaceitáveis interpretações de certas normas do Estatuto para dar cobertura
a situações concretas nas suas fileiras, e que o PSD tinha ido pelo mesmo caminho.
Quanto ao PSD e ao CDS-PP, pelos vistos estão ilibados, porque o Sr. Deputado não citou caso algum e,
portanto, esse caminho não existe em sítio nenhum ou, pelo menos, o Sr. Deputado não o referiu — já é meio
caminho!…
Mas o Sr. Deputado não resistiu a fazer o contrário do que o decoro parlamentar e a boa ética aconselham.
Quando, no Reino Unido, no caso Miller, aconteceu o que aconteceu, o Deputado que tinha dados levou-os à
comissão de ética, a comissão de ética investigou, a comissão de ética ouviu, a comissão de ética apurou e o
resultado é o que se vê. O Sr. Deputado opta por infamar dois camaradas meus com toda a calma.
Uma voz do PCP: — Não é verdade!
O Sr. José Magalhães (PS): — Infelizmente, é verdade. Infamou-os de maneira completamente sumária —
é uma espécie de splash nesta matéria —, com coisa nenhuma, a não ser uma afirmação sua.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Já o vou desmentir!
O Sr. José Magalhães (PS): — É que esses casos que o Sr. Deputado agora afirma que existem são
expressões e situações concretas em que a Assembleia da República nada apurou,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Falso!
O Sr. José Magalhães (PS): — …nada concluiu, apenas acontece que o Sr. Deputado não está de acordo.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É falso!
O Sr. José Magalhães (PS): — E o acordo do Sr. Deputado ainda não é lei.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, já concluiu o seu tempo, pelo que tem de terminar.
O Sr. José Magalhães (PS): — Portanto, nesta matéria, Sr. Presidente e Srs. Deputados, devemos ter
cuidado, prudência e não atirar pedras à toa, porque isso ofende pessoas em concreto e é a pior forma de
discutir a reforma do Estatuto dos Deputados ou, de resto, de discutir política em geral.
O Sr. Deputado não pode emitir juízos desse tipo como antigamente os papas emitiam bulas e anátemas.
O anátema não leva a sítio nenhum e a pedrada à toa não leva a sítio nenhum.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para dar explicações, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Magalhães, não sei se o Sr. Deputado
estava predisposto a receber alguma lição mas a minha intenção não era dar lições a ninguém, era firmar uma
posição política relativamente a esta matéria. Alias, foi o Sr. Deputado que me pediu, dizendo: «concretize o
que querem dizer». Ora, concretizei.
Mais: não sei se a memória parlamentar do Sr. Deputado José Magalhães já começa a fraquejar assim
tanto,…
O Sr. José Magalhães (PS): — Agora estamos no alzheimer?!