O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 80

4

A propaganda do Governo fala na recuperação do emprego, mas, na realidade, o DEO insiste nos

despedimentos na Administração Pública.

Para os trabalhadores o Governo fala em devolver com uma mão, mas, na verdade, retira com as duas.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

O Sr. Paulo Sá (PCP): — O Governo fala desavergonhadamente do fim da contribuição extraordinária de

solidariedade, mas, na realidade, o roubo das pensões e reformas continua, agora através de uma nova taxa

de caráter permanente, a contribuição de sustentabilidade. O Governo pode mudar o nome da taxa, mas a

verdade é que pretende continuar a apropriar-se ilegitimamente daquilo que não lhe pertence, dos

rendimentos de quem trabalhou e descontou uma vida inteira e é agora vítima de um miserável esbulho.

O Sr. João Oliveira (PCP): — É uma vergonha!

O Sr. Paulo Sá (PCP): — Ao mesmo tempo, para a banca e os grandes grupos económicos o Governo

propõe que, pelo menos até 2018, possam continuar a apropriar-se de parcelas crescentes da riqueza

nacional.

Mantém-se os lucros fabulosos à custa da dívida pública, anunciam-se novas privatizações e concessões

de empresas públicas para satisfazer os grandes interesses privados, anunciam-se mais gastos com PPP já

em 2015. Mantém-se os benefícios fiscais e o Governo não hesita em manter o bónus fiscal às grandes

empresas por via do IRC, bónus esse que quer ainda aumentar nos próximos anos através de uma maior

redução da taxa de imposto sobre os lucros.

Onde estão neste Documento de Estratégia Orçamental as medidas dirigidas a uma tributação adequada

dos lucros da banca e dos grandes grupos económicos? Onde estão as medidas dirigidas a uma tributação

mais justa dos rendimentos mais elevados? O que é feito da taxa sobre as transações financeiras em bolsa,

que o Governo prometeu implementar? Que benefícios fiscais às grandes empresas serão eliminados? Sobre

isto não há nada, rigorosamente nada, neste Documento de Estratégia Orçamental.

Mas há aumentos de impostos e do custo de vida para os portugueses. O Governo quer aumentar a taxa

normal do IVA para 23,25%, quer aumentar o preço dos transportes e de outros serviços públicos por via da

redução das indemnizações compensatórias às empresas públicas.

O Governo mentiu aos portugueses quando disse que os sacrifícios eram para todos. As medidas

anunciadas pelo Governo são dirigidas, como sempre, contra os trabalhadores, os reformados, os

pensionistas e as famílias, contra as funções do Estado e os serviços públicos e a favor dos grandes

interesses económicos e financeiros.

A política deste Governo é a política do enriquecimento de uns poucos à custa do empobrecimento de

quase todos, mas é também uma política de atraso, endividamento e dependência do País.

O que o Governo propõe, pelo menos até 2018, é a continuação do endividamento público, mais cortes no

investimento, a destruição de empresas públicas, a concentração e o encerramento de mais hospitais,

maternidades, centros de saúde, escolas, tribunais e repartições de finanças.

O Governo mentiu aos portugueses! Durante três anos repetiu até à exaustão que os cortes e os sacrifícios

eram temporários, que seriam aplicados apenas enquanto durasse o Programa da troica, ou seja, até 2014.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!

O Sr. Paulo Sá (PCP): — Agora, com a apresentação do DEO, o Governo deixa cair a máscara, revelando

as suas verdadeiras intenções: transformar aquilo que afirmou ser temporário em definitivo.

O Governo mentiu aos portugueses quando disse que o brutal aumento de impostos sobre os rendimentos

do trabalho era temporário. Vem agora, com o DEO, confessar que, afinal, o saque fiscal sobre os

trabalhadores é para continuar, por tempo indeterminado.

O Governo mente aos portugueses quando diz que um crescimento económico se traduzirá na melhoria

das condições de vida dos trabalhadores e do povo. Se a economia cresce mas os portugueses empobrecem,