31 DE MAIO DE 2014
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Protestos do PCP.
Nesse contexto, para os comunistas, a moção de censura é mera sequência sem requerer qualquer outra
consequência.
Devemos ter presente que, na leitura marxista que o PCP ainda hoje faz da realidade, o coração da ação
política são as vanguardas revolucionárias: uma manifestação é mais importante do que uma eleição, uma
greve é mais importante do que uma moção.
Devemos, por isso, assinalar que, sendo a moção de censura um instrumento parlamentar absolutamente
legítimo,…
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Muito obrigado!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — …no caso dos comunistas, a sua moção não visa a formação de uma
maioria alternativa, muito menos a apresentação de uma solução de governo.
Um dos trechos da moção expressa eloquentemente o desprezo do PCP por aquilo que certamente
considerarão um detalhe: «Esta moção é contra 37 anos de política de direita». O que nos revela que, para o
PCP, mais coisa, menos coisa, o último Governo democrático terá sido o do General Vasco Gonçalves,…
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — …não por acaso um governo que nunca recebeu legitimidade eleitoral
direta.
Na nossa peculiar análise da história, o povo português, ao longo dos últimos 37 anos, terá sido um
soberano alienado, incapaz de alcançar os «amanhãs que cantam».
Risos e aplausos do PSD e do CDS-PP.
É assim que o PCP resolve, concetualmente, esse pequeno detalhe, que é ter sido sempre derrotado nas
urnas e minoria nesta Casa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Olha quem fala!…
O Sr. António Filipe (PCP); — O CDS tem maioria absoluta!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Não deixa, por isso, de ser curioso que o PCP invoque na sua moção
uma pretensa «ilegitimidade democrática do Governo», resultado que considera ser uma «devastação da sua
base eleitoral». Refere-se o PCP à eleição para o Parlamento Europeu, em que dois terços dos portugueses
decidiram não votar, considerando-a uma devastadora abstenção que penalizou os partidos do arco da
governabilidade como um todo, sendo que os partidos da maioria perderam e o maior partido da oposição, no
momento mais difícil para o Governo, ganhou, mas por tão pouco que logo se abriram ansiedades que seria
deselegante estar a comentar aqui.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Felicitámos democraticamente o PCP pelo seu progresso relativo no
domingo passado, mas não deixa de ser ligeiramente exagerado pretender que apenas 12% do terço de
portugueses que foram votar chegue para justificar a iminência de uma rutura, ou, para usar linguagem que
vos é cara, um sexto de um terço dos votos não fazem uma revolução. Não estão reunidas as condições
objetivas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.