I SÉRIE — NÚMERO 89
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A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Ou julga que os portugueses apoiam o Governo para prosseguir esta política
de destruição nacional?
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro, este é um Governo sem legitimidade social, política e
eleitoral. E um Governo sem legitimidade tem de ser demitido e sujeitar-se a eleições!
Aplausos do PCP e Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do Bloco de Esquerda.
Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros,
fez-nos uma preleção onde alguns dos valores, que sabemos que defende, sobre a forma como a nossa
democracia evoluiu, ficaram bem vincados. Creio que vale a pena atermo-nos em algumas das afirmações que
fez, até pela evolução da vida política nos últimos anos.
Tentou dizer, por exemplo, que a própria abstenção retirava legitimidade a qualquer conclusão clara sobre
estas eleições. Pois creio que se há uma conclusão clara é que a abstenção é, em si, uma crítica àqueles que
governaram tantos anos, porque afastaram as pessoas da democracia e afastaram-nas da política.
Por isso, há rostos de culpa nesta abstenção e são aqueles que têm faltado à palavra. Por isso, numa das
suas ideias, tentando tornar rotineira a moção de censura quando ela é, de facto, um ato extraordinário numa
democracia, dizia que era mais uma daquelas que já existiram e mais uma da sessão legislativa.
Ora, Sr. Ministro, pergunto-lhe, então, qual tem sido a marca das sessões legislativas deste Governo e
creio que a conclusão de todas as pessoas que vivem neste País é a de que é o aumento de impostos. A
todos os anos de mandato há um novo aumento de impostos — essa é a medida que não falha e que tem
estado sempre presente. Hoje, o que marcou a intervenção do Sr. Primeiro-Ministro foi a ideia de que, afinal,
poderemos vir a ter novos aumentos de impostos.
Porque, sendo Ministro de Estado, uma matéria como esta tem de ter alguma discussão pergunto-lhe,
muito diretamente: está o Governo, ou não, a ponderar novos aumentos de impostos? Poderemos ter, hoje à
noite ou no próximo fim de semana, o anúncio de que, por exemplo, vai aumentar o IVA, porque essa é que é
a medida que todos os anos surge, tão rotineira se tornou com este Governo.
Sabe, Sr. Ministro, que há uma ideia que deveria valer em democracia: é que há uma palavra que os
partidos dão quando vão a eleições e há um Programa do Governo que refere aquilo que querem fazer
quando são Governo. E, por essa parte, percebemos: um Governo que não tem palavra perante quem o
elegeu e que não tem palavra perante o próprio Programa do Governo, porque fez tudo para lá desse
Programa, não merece só ser censurado, merece não governar, porque essa é que deveria ser a
consequência imediata.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é de Os Verdes.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, gostaria de colocar-lhe a seguinte
questão: o Sr. Ministro, como membro do Governo, sente ou não que este Governo está absolutamente
isolado nesta sociedade e absolutamente divorciado dos portugueses?
Depois de uma derrota absoluta nas eleições autárquicas, de uma derrota absoluta nas eleições europeias,
de manifestações como não se via há muitas décadas em Portugal e de protestos intensíssimos relativamente
à política do Governo, Sr. Ministro,…
Protestos do PSD.