31 DE MAIO DE 2014
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equivocam sobre os valores da democracia e do Estado de direito e que os querem defender sem
tergiversações ocasionais que os enfraqueçam.
O Governo e os partidos que o apoiam rejeitam, sem hesitações, a moção de censura apresentada e os
pressupostos e objetivos que estão por detrás desta.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não lhe fica bem truncar a Constituição. Leia o artigo 7.º todo!
A Sr.ª Presidente: — Embora o Sr. Ministro disponha de pouco tempo para responder, informo que se
inscreveram para fazer perguntas a Sr.ª Deputada Carla Cruz, do PCP, do Sr. Deputado Pedro Filipe Soares,
do Bloco de Esquerda, e da Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de Os Verdes.
Creio que só será possível responder em conjunto.
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Com certeza, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Sendo assim, dou a palavra à Sr.ª Deputada Carla Cruz, do PCP.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, perante
um Governo já derrotado politicamente pela intensa luta travada pelos trabalhadores e pelo povo,…
Protestos do PSD e do CDS-PP.
… a derrota eleitoral da coligação PSD/CDS no passado dia 25 confirma que o Governo já não tem
legitimidade para continuar em funções.
Não tem legitimidade porque cumpriu um programa político violando compromissos eleitorais e a
Constituição;…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — … porque destruiu o País e a economia nacional e pretende manter-se em
funções para prosseguir esta política de destruição e desigualdades; porque, como confirma a pesada derrota
eleitoral do passado dia 25, não tem base social, política e eleitoral de apoio.
Por mais que continuem a fazer o discurso de mistificação do sucesso desta política, não conseguem
esconder a realidade do País.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Vai explicar a espiral recessiva!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Os resultados eleitorais confirmam a condenação deste Governo e da política
da troica — de exploração, de empobrecimento e de desastre económico e social.
Os portugueses perceberam que não há qualquer saída, e muito menos limpa, por causa da destruição
económica e social provocada por estes três anos de vigência do pacto de agressão e que o Governo quer
prosseguir com a aplicação do tratado orçamental!
O Governo não tem legitimidade para se manter em funções impondo ao País os constrangimentos que
resultam do tratado orçamental; o Governo não tem legitimidade para executar a política do tratado
orçamental, que prossegue a liquidação das funções sociais do Estado, que insiste nas privatizações de
setores estratégicos do País entregando-os ao grande capital nacional e transnacional, que impede o
investimento público e o crescimento e o desenvolvimento económicos e que torna cada vez mais insuportável
a vida de tantos portugueses; o Governo não tem legitimidade porque não tem o apoio para prosseguir esta
política.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!